.Por Susiana Drapeau.
Desde que assumiu o governo do Brasil, no início de 2019, o governo Bolsonaro não desceu do palanque e nem vai descer. Bolsonaro e sua trupe decidiram por uma guerra ideológica constante e interminável que equivale a estar em campanha eleitoral o tempo todo. Como trabalha com a falsificação e mentira (fake news), o processo precisa ser constante e sem pausa. Essa tática tem sido usada por grupos de extrema-direita e negacionistas no mundo todo. O governo deve passar os 4 anos em campanha eleitoral e usando da ‘política do não governar’.
A política do não governar é uma receita neoliberal (a mão do mercado governa tudo e o governo não precisa fazer nada) unida com a guerra ideológica da extrema-direita (uma constante guerra de informação para confundir a população). Se mão invisível do mercado (Paulo Guedes) administra, ao presidente basta fazer campanha ideológica.
Foi assim com a tragédia dos 600 mil mortos, visto que o governo fugiu das compras de farmacêuticas para possibilitar a corrupção com empresas de fachada intermediárias, como bem demonstrou a CPI da Covid-19. A ideia do governo era ter benefícios com o funcionamento pleno da economia durante a pandemia, ainda que custasse centenas de milhares de vidas. Aliás, setores do governo viram nas mortes uma economia financeira para os cofres da Previdência Social. Com isso, ganhava tempo para cobrar pedágio na compra da vacina. A estratégia deu errada com a instalação da CPI da Covid e com a resistência de governadores e de setores lúcidos do judiciário. O resultado se resumiu nas 600 mil mortes e no caso Prevent Senior.
A política de não governar também está nas falas de Bolsonaro (“que que eu posso fazer?”, “eu não posso tudo”, “vou ter que tirar dinheiro da educação”) e também na falta de ação e planejamento no setor elétrico, que deve ser a próxima obra governamental.
Para tentar combater este problema, Bolsonaro quer a redução do consumo. O lema poderia ser: “Tome banho frio, ganhe 50 centavos e ajude a família do Bolsonaro gastar R$ 50 milhões no cartão corporativo“.
Até dezembro, o brasileiro que reduzir o consumo em pelo menos 10%, em comparação com o mesmo período do ano passado, vai receber um bônus de 50 centavos! de real para cada quilowatt-hora entre setembro e dezembro de 2021 em relação ao mesmo período de 2020. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também vem atuando para incentivar a redução do consumo. Desde o ano passado foi lançada a campanha “Energia elétrica, Se desperdiçar vai faltar”.
O Brasil poderá ter apagão mesmo com o bom crescimento do setor solar fotovoltaico nos últimos dois anos, a partir de regulamentações feitas nos governos anteriores. Em 2015, o governo Dilma Rousseff (PT) criou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD) para estímulo da geração de energia a partir de placas solares fotovoltaicas pelos próprios consumidores e que poderia ser compartilhada com o sistema das distribuidoras de energia. O governo Dilma previa um potencial de investimentos de R$ 100 bilhões nessas tecnologias e que 2,7 milhões de unidades consumidoras poderiam aderir ao programa até 2030. Apesar de incipiente e burocratizado para o uso residencial, o programa recebeu investimento privado e começou a dar resultado nos últimos anos.
Em 2020 o setor fotovoltaico bateu recorde de investimentos com R$ 13 bilhões. A expectativa é que durante este ano (2021) o investimento cresça e chegue a R$ 22,6 bilhões. Mas falta facilitar e simplificar ainda mais o investimento para o uso residencial em um país com tanta incidência solar.
Um outro problema é a não política industrial. Apesar do bom crescimento do mercado de energia fotovoltaica, o Brasil produz apenas 5% dos módulos fotovoltaicos que são instalados no país. Os outros 95% são importados. (Com informações da Agência Brasil e Absolar)