Do Outras Palavras

Os danos psíquicos do Instagram aos adolescentes

.Por Leila Salim e Raquel Torres.

O Facebook sabe que seu aplicativo Instagram está relacionado a danos à saúde mental de adolescentes, segundo uma investigação do The Wall Street Journal. A reportagem obteve uma apresentação interna de março de 2020 que descreve uma pesquisa, feita por funcionários da própria empresa ao longo de anos anteriores, sobre os efeitos da rede social nos usuários jovens.

(foto anastasia gepp – pbl)

“Nós criamos problemas relacionados com a imagem [que as adolescentes têm] do próprio corpo em uma a cada três meninas”, diz um dos slides. “Os adolescentes culpam o Instagram pelo aumento dos casos de ansiedade e depressão”, diz outro – e essa foi uma resposta majoritária mesmo quando a pergunta era feita de forma aberta, ou seja, sem dar opções de resposta pré-definidas em que o nome “Instagram” aparecesse.

Ainda segundo as apresentações, 13% dos usuários britânicos e 6% dos estadunidenses relataram ter pensamentos suicidas associados ao uso do aplicativo. Funcionários que produziram as apresentações dizem que certos “aspectos do Instagram criam uma tempestade perfeita” – ele é viciante, sua seção de buscas pode direcionar usuários a conteúdos prejudiciais e, por fim, os usuários têm o hábito de postar apenas as melhores fotos e momentos.

O jornal afirma que essa pesquisa foi apresentada a executivos do Instagram e ao CEO, Mark Zuckerberg.

A chefe de políticas públicas do Instagram, Karina Newton, escreveu uma nota em resposta à reportagem reconhecendo a veracidade dos achados. Mas ela diz que a matéria “se concentra em um conjunto limitado de descobertas e as lança sob uma luz negativa“, enquanto, para o Instagram, o levantamento “demonstra nosso compromisso em compreender questões complexas e difíceis contra as quais os jovens podem lutar e informa todo o trabalho que fazemos para ajudar aqueles que estão enfrentando essas questões”. Ela argumenta ainda que “muitos [usuários] disseram que o Instagram melhora as coisas ou não tem efeito”, e que “questões como comparação social negativa e ansiedade existem no mundo, então elas também existirão nas redes sociais”. (Do Outras Palavras)