Em São Paulo – Ficará em exposição de 27 de agosto de 2021 a 30 de janeiro de 2022 no MASP (Museu de Arte de São Paulo) a exposição “Gertrudes Altschul: filigrana”, com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP e Tomás Toledo, curador-chefe, MASP.

Gertrudes Altschul (1904-1962) foi uma figura pioneira no contexto da fotografia modernista brasileira. Embora ela seja bastante admirada no meio fotográfico no país, sua obra ainda é conhecida apenas em círculos especializados, tendo sido escassamente publicada e exibida — algo que esta mostra, a primeira em um museu, e seu catálogo, pretendem modificar.

Gertrudes Altschul, Filigrana (1953) (Acervo MASP, comodato MASP Foto: Cine Clube Bandeirante)

De origem judaica, Altschul migrou para o Brasil em 1939 de sua cidade natal, Berlim, com o marido, Leon Altschul (1890-1975), fugindo do regime nazista. Radicou-se em São Paulo, onde dividiu seu tempo entre a fotografia e a produção de flores para chapéus em uma fábrica administrada pelo casal. 

No final da década de 1940, aproximou-se do famoso Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) em São Paulo, grupo que reunia fotógrafos alinhados com o movimento conhecido como Escola Paulista, pilar da fotografia moderna no Brasil. Após começar a frequentar as reuniões do FCCB e a enviar suas fotografias para a avaliação dos membros, foi aceita em 1952 como associada, tendo sido uma das poucas mulheres do grupo. 

Foi a partir do FCCB que teve início a relação do MASP com o trabalho de Altschul. Em 2014, o museu recebeu um extraordinário comodato de 275 fotografias de 82 autores do grupo, que se converterá em uma doação 50 anos depois, em 2064. Com esse conjunto, o mais importante de fotografia moderna brasileira, foram incorporadas ao acervo 12 impressões vintages da artista. Na mostra, as 12 fotografias do acervo MASP FCCB são acompanhadas por textos interpretativos.

A produção fotográfica de Altschul esteve em sintonia com a linguagem da fotografia moderna brasileira, que buscava romper com os princípios clássicos da composição por meio de construções geometrizadas, tanto abstratas quanto figurativas, e de experimentações com luz, sombras, linhas, ritmos, planos e processos de revelação
e de ampliação. Nesse contexto, os principais temas de Altschul se concentram na arquitetura moderna brasileira e nos motivos botânicos, sobretudo as folhas, bem como nos objetos do cotidiano em diferentes escalas, espécies de naturezas-mortas fotográficas. 

A exposição, que toma emprestado o título de uma das mais célebres fotografias de Altschul — Filigrana —, apresenta 62 fotografias vintages (aquelas primeiras ampliações fotográficas feitas pela autora, frequentemente logo após a revelação do negativo). As obras são agrupadas em torno dos principais temas da artista: botânica, arquitetura e naturezas-mortas. São expostas também algumas imagens de tipos humanos, algo menos explorado por Altschul.

A mostra Gertrudes Altschul: Filigrana integra o biênio da programação do MASP dedicado às Histórias brasileiras, em 2021-22, coincidindo com o bicentenário da Independência em 2022. Neste primeiro ano, todas as mostras são dedicadas a mulheres, e inclui individuais de Conceição dos Bugres, Erika Verzutti, Gertrudes Altschul, Maria Martins, Ione Saldanha, e, na Sala de Vídeo, Ana Pi, o coletivo Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominque Gonzalez-Foerster. 

Mais informações pelo SITE do MASP. (Carta Campinas com informações de divulgação)