.Por Marcelo Mattos.

Certa ou errada a detenção de Roberto Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, durante a recente sessão da CPI do Senado que apura a negligência do governo no combate à Covid-19, é somente o perfil sombrio das negociatas e o vasto esquema de corrupção para recebimento de propina na compra de vacinas.

(imagem 12019 – pbl)

Todas as denúncias de irregularidades, esquemas de pilhagem do erário público, corrupção explicitas, evidenciam, reiteradamente, a participação de inúmeros militares integrantes das Forças Armadas em diversos eventos escusos, em troca de benesses e benefícios vitalícios, além do apego às vantagens de cargos públicos civis.  

A manifestação do senador Omar Aziz, presidente da CPI, ao dizer-se que “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”, apenas reconheceu a atuação nefasta de militares que integram um desgoverno que se caracteriza pela violência às instituições e liberdades democráticas, o desmonte privatista do Estado brasileiro, o autoritarismo inconsequente e a corrupção pandêmica.

Estamos falando de um Ministério da Saúde envolto num monstruoso esquema corrupção na compra de vacinas, em meio a mais de 530 mil mortes pela Covid-19, com militares encastelados em postos chaves da sua administração, com um General ex-ministro, Eduardo Pazuello, corresponsável pelo morticínio de brasileiros, a subserviência venal e ao descalabro de uma política de saúde genocida.   

Portanto, a reação do Ministério de Defesa e dos comandos militares é extemporânea e uma interferência ameaçadora indevida e imoral, de corporações responsáveis por um golpe militar que arruinou a vida democrática, culminando com prisões arbitrárias, violação de direitos, mortes, torturas e desaparecimento de brasileiros.

Trata-se de uma nota, no mínimo, desonesta e inconsequente, buscando intervir e intimidar a atuação do Senado Federal, bem como as demais instituições da sociedade.