Por Caroline Oliveira – BdF

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira (27), que após a terceira vez que ofertou doses do imunizante CoronaVac ao governo federal, no dia 7 de outubro de 2020, passaram a ocorrer tratativas “intensas” com o Ministério da Saúde acerca de 100 milhões de doses.

Dimas (foto adilson rodrigues – ag senado)

O caminho mudou quando Jair Bolsonaro mandou, em vídeo publicado nas redes sociais, o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello cancelar o protocolo de intenções de vacina do Instituto Butantan, no dia 21 de outubro.

“Houve uma distorção por parte do João Doria no tocante ao que ele falou. Ele tem um protocolo de intenções, já mandei cancelar se ele [Pazuello] assinou. Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”, afirmou Bolsonaro. Em seguida, Pazuello afirmou que quando “um manda, o outro obedece”.

Os senadores que compõem a CPI colhem depoimentos sobre a condução de medidas adotadas pelo governo Bolsonaro para conter a proliferação do coronavírus. Essas provas podem demonstrar eventuais crimes de responsabilidade cometidos por Jair Bolsonaro (sem partido).

Na CPI, Eduardo Pazuello, no entanto, mudou o tom sobre as tratativas de aquisição da Coronavac: “Nós tínhamos reuniões com o Butantan semanalmente sem parar. Em nenhum momento, o presidente mandou eu parar alguma negociação com o Instituto Butantan”, afirma Pazuello, que considerou as declarações anteriores “coisas de internet”, visto que foram realizadas no meio virtual. “Das posições do presidente nas redes sociais, eu não extraio ordens”, afirmou.

No dia 7 de outubro, o Butantan ofertou 100 milhões de doses, sendo que 45 seriam produzidas no Butantan até dezembro de 2020, 15 milhões até fevereiro e 40 milhões até maio. “De fato, tiveram intensas tratativas. Aparentemente tudo estava indo muito bem. Mas houve uma inflexão diante de uma manifestação dizendo que a vacina não seria de fato incorporada. Isso causou uma frustração da nossa parte”, afirmou Covas.

“Questionar o Butantan é questionar a qualidade da saúde pública brasileira. Essa campanha feita desqualificando o Butantan certamente trouxe prejuízos ao Butantan. Mas nós demos as respostas esperadas. Se houve dificuldade, foi por parte do Ministério”, afirma Covas. Para ele, a posição do governo federal “impediu a vacinação de milhões de pessoas antes do prazo que realmente começou”. (Do Brasil de Fato)