.Por Susiana Drapeau.
A bagunça generalizada que o Brasil vive hoje tem alguma explicação na própria loucura em que foi forjado parte do grupo que acabou chegando ao poder do Brasil junto com Bolsonaro. Isso explica também de certa forma porque todas as áreas do Brasil estão sendo destruídas, do meio ambiente, passando pela economia, saúde pública e, se obtiverem sucesso, a própria democracia será dizimada.
O pesquisador da extrema direita e etnógrafo norte-americano Benjamin Teitelbaum, autor do livro Guerra pela eternidade (Ed. da Unicamp, War for eternity: inside Bannon’s far-right circle ―, em inglês), revelou que Olavo de Carvalho, o autoproclamado filósofo (assim como o Guaidó é autopresidente da Venezuela), se converteu ao islã e, portanto, à religião muçulmana. Em entrevista recente ao El Pais, Teitelbaum revelou até o novo nome de Olavo de Carvalho. “Os documentos que reuni mostram basicamente que Olavo se converteu ao islã, era chamado de Sidi Muhammad. E eu acredito que ele ainda seja, de acordo com algumas tradições religiosas”, afirmou.
O pesquisador entrevistou vários extremistas de direita, mas diz que Olavo de Carvalho foi o mais complicado e dá a entender que o guro do bolsonarismo precisa de tratamento psiquiátrico. “Eu não quero fazer uma psicanálise, mas nenhum dos outros personagens pareceu tão desapontado”, afirmou ao El Pais.
O pesquisador diz que a corrente ligada ao grupo ideológico quer a destruição de tudo e a volta ao passado, não décadas, mas séculos. Portanto, muitas piadas e memes que colocavam o Brasil nos séculos 19 ou século 18 não são sem fundamento. “O Tradicionalismo é anti-progressista num nível que raramente vemos. Muitas pessoas costumam chamar a si mesmas de conservadoras, mas quase todo mundo no campo conservador é basicamente progressista no mundo ocidental. Elas acreditam que, se você reduzir as regulações governamentais do capitalismo e aumentar a liberdade individual sobre a propriedade, você pode criar uma sociedade melhor. Eles não são nostálgicos. O Tradicionalismo vai na direção diametralmente oposta. Eles não acreditam que é possível mudar ou melhorar a história, acham que é preciso desfazer todo o mal feito para as nossas sociedades, e isso não significa voltar apenas décadas para trás, mas séculos”, disse.
Teitelbaum denomina essa corrente de Tradicionalismo e diferencia do Fascismo porque o fascismo tinha um olhar para o futuro, um projeto. Já esse grupo olha para o passado, quer destruir tudo que a civilização construiu. O fascismo quer destruir as pessoas, os opositores.
“O fascismo historicamente era amistoso com a ideia de modernização e com o pensamento científico. Quando Evola rompeu com os nazistas, foi justamente quando ele achou que eles estavam sendo materialistas demais, científicos demais. O entendimento de raça dos nazistas era visto como muito modernista e biológico para ele. O grande contexto é que o Tradicionalismo é cético em relação à ciência. E não acho que seja coincidência que pessoas na administração Bolsonaro, como Ernesto Araújo, e o próprio Olavo e pessoas de seu círculo, que leem e celebram o trabalho de autores como Guénon [o francês René Guénon, patriarca do Tradicionalismo] e Julius Evola, sejam também os mais adeptos a teorias da conspiração em relação ao coronavírus. Isso não é muito facilmente explicável olhando para o fascismo. É muito mais fácil de entender pelas lentes do Tradicionalismo”, afirmou.
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