Um estudo realizado por pesquisadores do ela Universidade Federal do Paraná (UFPR) concluiu que a cloroquina provoca danos em células endoteliais, presentes em todos os vasos sanguíneos do corpo humano. O estudo tende a confirmar a irresponsabilidade do governo Bolsonaro ao incitar e recomendar o uso da cloroquina contra a Covid-19, o que pode ter provocado a morte ou mesmo agravado a situação de pacientes. Brasil já contabiliza cerca de 230 mil mortes pela doença.

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Em quantidades semelhantes às absorvidas pelo corpo humano, a cloroquina induziu ao funcionamento incorreto e até à morte da célula, o que pode afetar a circulação sanguínea, e por consequência, órgãos como coração, rins e pulmões.

Para chegar a essa comprovação, o pesquisador Paulo Cézar Gregório trabalhou com linhagens de células endoteliais humanas extraídas de vasos sanguíneos, que foram cultivadas na presença de cloroquina, em concentrações incapazes de causar sua morte celular, por até 72 horas.

A pesquisa notou que, durante esse período, a célula induziu significativamente o acúmulo de organelas ácidas, aumentou os níveis de radicais livres e diminuiu a produção de óxido nítrico, levando ao estresse oxidativo e dano celular.

Este processo, chamado de disfunção endotelial, pode resultar no funcionamento incorreto ou até na morte da célula. (…). A cloroquina já é utilizada há muitos anos para o tratamento de malária e doenças autoimunes, como o lúpus.

Sobre o uso já consolidado, Gregório esclarece que qualquer medicamento, traz riscos e benefícios, pois não existe medicamento sem efeitos adversos. “É preferível controlar doenças graves em troca dos efeitos colaterais da cloroquina. Assim é com toda terapia comprovada para alguma doença. Os benefícios têm que superar os riscos”, avalia. (…).

Os resultados estão no artigo “Chloroquine may induce endothelial injury through lysosomal dysfunction and oxidative stress“, publicado na revista Toxicology and Applied Pharmacology. A pesquisa foi conduzida durante o doutorado de Paulo Cézar Gregório, do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia, Parasitologia e Patologia da UFPR, sob a orientação da professora Andréa Emília Marques Stinghen, do Departamento de Patologia Básica e do professor Fellype de Carvalho Barreto​, do Departamento de Medicina Interna da UFPR. (com informações de divulgação)

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Reportagem completa no Ciência UFPR
Artigo: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7826090/