.Por Marcelo Mattos.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções / Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!(…) Não sei por onde vou/ Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí!”
.  (José Régio, in Cântigo Negro)

Há muito, parcela da população tinha em conta os militares das Forças Armadas como indivíduos com formação e preparo intelectual, defensores da soberania nacional ou detentores do chamado espírito público. Puro engano: o que assistimos é a assustadora incompetência e incapacidade deste contingente de militares, cujo único objetivo é a obtenção de privilégios e a subserviência a um desgoverno civil de ocupação militar, responsável pela entrega do país através dos ativos estatais ao capital estrangeiro, pelo desmonte de políticas de desenvolvimento nacional, sociais e trabalhistas e pela falência da saúde.

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Saúde pública construída ao longo de décadas através SUS que é referência mundial, cujo ministro da Saúde e humilhação pública, Eduardo Pazuello, sequer conhecia; que nada fez para controle desta pandemia mortal da Covid-19, sem garantir a aquisição e distribuição de máscaras, álcool gel, ventiladores e equipamentos de proteção individual (EPIs), além do absurdo encalhe de 6,8 milhões de kits de testes estocados  com a perda da sua validade.

Mais de 50 países já começaram a vacinação da população, enquanto o Brasil, pela omissão e menosprezo desse desgoverno genocida e da incúria de militares assentados no poder não tem nenhuma vacina aprovada pela Anvisa, nem a previsão para início da imunização vacinal contra o coronavírus, fruto da inexistência de coordenação, empenho, gerenciamento e logística no combate à pandemia.

O que existe é um desgoverno em permanente convescote, férias, vagabundagens litorâneas, indiferente às milhares de mortes diárias (mais de 192 mil registrados hoje), o aumento diário do número de casos pela ingerência e o fracasso vexatório do Ministério da Saúde na compra de seringas e agulhas, adquirindo apenas 3% destes itens necessários. 

Enquanto a assustadora mediocridade governamental segue devastando as florestas, aniquilando populações indígenas e quilombolas, entregando os balneários à exploração de jogatinas, apoiando o armamentismo miliciano, propalando o uso de cloroquina, vermífugos, ozônio reto-anal, o país continua sendo vilipendiado, destruído por um bando irascível que exulta a morte, a tortura, a miséria, com um presidente e ministro incapazes e nefastos.