A casa de Sandra Amorim, liderança quilombola do Sítio São João, localizado em Barcarena (PA), foi alvo de três disparos de arma de fogo na noite da última quinta-feira (29)

Sandra Amorim em primeiro plano (foto arquivo pessoal – bdf)

A quilombola, que também é militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), não estava em casa no momento do ataque e foi informada do ocorrido pelos vizinhos. 

Sandra registrou um boletim de ocorrência na delegacia de polícia do distrito Vila dos Cabanos no mesmo dia do ocorrido. A casa continua com marcas de bala nas paredes e também nos cartazes políticos que estavam nas paredes. Ela é candidata ao cargo de vereadora pelo município de Barcarena. Atingidos pela mineração em Barcarena (PA) apontam contaminação e cobram mudanças em acordo

Samuel Amorim, filho de Sandra, e também militante do MAM conta que ele e a mãe foram surpreendidos com a situação.

“A gente estava em Barcarena em uma reunião partidária, aí o vizinho ligou perguntando se a gente estava em casa e eu falei que não. Foi quando perguntamos o porquê e ele disse ‘deram tiro na tua casa’. Quando chegamos em casa junto com os policiais, a gente viu que deram uns tiros na parede, uns tiros nos ‘candidatos’ dela”, relatou ao Brasil de Fato.

“Ela vai contra a mineração, contra até mesmo contra esses grandes empresários, contra o grande capital. Quando ela levanta a voz em algum lugar para falar, a gente está mexendo com os grandes”, completou Samuel. 

O MAM publicou, nesta sexta-feira (30), uma nota de repúdio ao ataque dizendo que a luta dos povos tradicionais em Barcarena é contra a hegemonia do poder econômico opressor e escravocrata e que os militantes, ao enfrentar as desigualdades e injustiças sociais na região, são perseguidos e ameaçados diariamente por representantes do “grande capital”.

“Sabemos que este não é um fato isolado, e sim associado a um processo de avanço do conservadorismo e acirramento dos conflitos em territórios minerados no Brasil e em toda a América Latina. Diante da ameaça e do atentado sofrido pela companheira, o MAM repudia qualquer tentativa de silenciamento do povo que se levanta contra a ordem do capital mineral e seus defensores”, diz a nota. (Do Brasil de Fato)