.Por Marcelo de Mattos.
“Quem mente para si mesmo e dá ouvidos à sua própria mentira, não vê nenhuma verdade em si ou naqueles que o rodeiam e, assim, perde o respeito por si e pelos outros”. As palavras trazidas do clássico “Os Irmãos Karamazov”, de Dostoiévski, bem nos ilustra a toxidade do discurso do então presidente da República na abertura da Assembleia Geral da ONU. Foi mais uma vergonhosa desmoralização do Brasil, diante de um fórum de repercussão mundial, através de um pronunciamento abjeto de um Chefe de Estado medíocre, despreparado e subserviente.
Utilizou-se reiteradamente da mentira como compulsão da desfaçatez para atacar à imprensa, encobrir os criminosos incêndios do Pantanal e Amazônia e o cinismo retórico sobre combate à pandemia da Covid-19 que ultrapassa as 138 mil mortes, fruto do descaso e omissão do Estado. Foi um discurso hipócrita, de menosprezo à democracia, direcionado exclusivamente à sua base de apoio fundamentalista e negacionista destra, com uma narrativa de falsidades, além da grotesca “cristofobia”, que demonstra um preconceito explícito e perseguição às religiões não cristãs.
É um estadista apequenado e cínico, que se vangloria na falsidade de informações e da perseguição à imprensa livre. Lembremos a bajulação explicita e indigna do presidente brasileiro em visita à Arábia Saudita em outubro de 2019 ao príncipe Mohammed Salman, associado ao desaparecimento e assassinato do jornalista do Washington Post, Jamnal Khashoggi, cujo corpo suspeita-se de que tenha sido desmembrado e dissolvido com ácido.