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Deputado requisita gastos do governo Bolsonaro em sites de fake news e jogo do bicho

O líder do PT na Câmara, Enio Verri (PR), apresentou um requerimento para o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, pedindo informações sobre os gastos do governo Bolsonaro com sites que divulgam informações insanas, de fake news e até de jogos de azar.

Enio Verri (foto gustavo bezerra – div)

O documento foi protocolado na Câmara na segunda-feira (25); o governo tem 30 dias para responder ao requerimento. Na manhã desta quarta-feira, 27, a Polícia Federal fez operação para tentar desmontar o esquema chamado de Gabinete do Ódio, inclusive contra proprietários desses sites de fake news.

Os gastos milionários da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) do governo Jair Bolsonaro, incluindo sites distribuidores de fake news e até um ligado à atividade ilegal de jogo do bicho têm que ser esclarecidos à opinião pública, defende o deputado.

O líder do PT requer informações sobre todos os contratos e destinação de verbas de publicidade institucional e de utilidade pública do Governo Federal ao longo de 2019 até o dia 30 de abril último. A Secom, acionada pelo jornal Folha de S. Paulo, recusou-se a revelar gastos detalhados, conforme observa o líder do PT.

Ele lembra que o jornal publicou no dia 9 de maio matéria sob o título “Publicidade de Bolsonaro na Previdência irrigou sites de jogos de azar e fake news”, conforme planilhas da própria Secom. Foram destinadas verbas de publicidade do Governo Federal a sites de fake news, sites de jogo do bicho, sites infantis em russo e, ainda, a canal de apoio ao Presidente Jair Bolsonaro no YouTube, que veicularam propaganda da Reforma da Previdência no ano de 2019. As informações referem-se apenas aos períodos de 6 de junho a 13 de julho de 2019 e de 11 a 21 de agosto de 2019.

No entanto, desde 11 de novembro de 2019, a Secom recusou-se por duas vezes a fornecer planilhas solicitadas pelo jornal por meio do Serviço de Informação o Cidadão. O diário pedira relatório, para o período de 1º de janeiro a 10 de novembro de 2019, de canais que veicularam anúncios do governo federal contratados por meio da plataforma Google AdSense (serviço de publicidade da Google).

Conforme o líder do PT, após recursos contra as duas negativas da Secom, a CGU determinou, em fevereiro deste ano, que a Secretaria disponibilizasse o relatório no prazo de 60 dias contados da notificação da decisão. A Secom finalmente encaminhou as informações – incompletas, frise-se – em 17 de abril passado, mais de cinco meses após o pedido inicial.

“Segundo as planilhas da Secom, sites de fake news receberam verba de anúncios do Governo Federal. Um dos campeões, com 66.431 anúncios, foi o Sempre Questione, que divulga desde desinformação na forma de teorias da conspiração sobre a pandemia de coronavírus, até alegados ‘flagrantes de Ovnis’”, observa Enio Verri.

Segundo a Folha de S. Paulo, as planilhas não especificam o total gasto pela Secom com os anúncios. Em maio de 2019, a Secretaria anunciou que gastaria R$ 37 milhões em inserções publicitárias sobre a reforma da Previdência, em televisão, internet, jornais, rádio, mídias sociais e painéis em aeroportos. O montante pago pela Secom é dividido entre o Google e o site ou canal do YouTube. As porcentagens do Google variam, de 40% a 20% ou menos, dependendo da negociação entre os sites e a plataforma.

As peças do governo Bolsonaro também foram veiculadas em outros sites que disseminam desinformação, como o Diário do Brasil (36.551 anúncios). O canal completamente doido chamado Terça Livre TV, do YouTuber de extrema direita Allan dos Santos, recebeu por 1.447 anúncios. Verri lembrou que essa informação oficial colide frontalmente com o depoimento do bolsonarista Allan Santos à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, quando afirmou não receber “nenhum centavo do governo”.

“Chama a atenção nas planilhas, igualmente, informação sobre site o resultadosdobichotemporeal.com.br, que divulga resultados do jogo do bicho, atividade notoriamente ilegal no Brasil”, comenta o líder no requerimento.

“As planilhas da Secom registram, ainda, gastos de verba publicitária com sites e canais que promovem o Presidente Jair Bolsonaro. Foram 5.067 anúncios no Bolsonaro TV, descrito como “canal dedicado em apoiar o Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro”.

Aplicativos para celular como Brazilian Trump, Top Bolsonaro Wallpapers e Presidente Jair Bolsonaro também veicularam a campanha. Ainda segundo a planilha, foram veiculados anúncios em sites de políticos eleitos, como o do Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). A Secom contrata agências de publicidade, que compram espaços por meio do serviço GoogleAdSense para veicular campanhas em sites, canais do YouTube e aplicativos para celular. O serviço permite exibir anúncios em texto, imagem e vídeo, gerando lucro de acordo com a quantidade de cliques ou de visualizações. (Com informações do ptnacamara)

Veja o requerimento: RIC-518-2020

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