Uma pequena cena da série islandesa, O Assassino de Valhalla, produzida no ano passado (2019), expõe a distância civilizatória em que se encontra o Brasil e sua opção pela barbárie e violência. A série, de investigação, conta a história de dois policiais em busca de um assassino, ligado a um orfanato desativado.

(imagens: reprodução joao pedro e divulgação valhalla murders)

Na cena, praticamente no final, depois de vários episódios de investigação, uma policial se vê diante de um possível assassino em um fábrica desativada. Diante do perigo, a policial retorna para a viatura e faz uma ligação para a própria Central de Polícia. Ela pede um código e autorização para abrir um cofre dentro da viatura policial. Veja abaixo trecho do vídeo e entenda a distância civilizatória.

A cena é inacreditável para um brasileiro que convive com histórias como a do pai de João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, assassinado nesta segunda-feira (18), pela polícia do Rio de Janeiro. Mais um jovem inocente na série de assassinatos cometidos por forças policiais no Rio desde a posse de Witzel.

O pai do garoto culpou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), pela morte do menino. “Senhor governador, a sua polícia não matou só um jovem de 14 anos com um sonho e projetos, a sua polícia matou uma família completa, matou um pai, matou uma mãe, matou uma mãe e o João Pedro. Foi isso que a sua polícia fez com a minha vida”, disse Neilton Pinto, em entrevista à TV Globo.

João Pedro foi morto durante uma operação das Polícias Federal e Civil no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na noite desta segunda-feira (18). De acordo com relatos, os policiais jogaram granadas e atiraram contra a casa. A versão da Polícia Civil afirma que o adolescente foi atingido durante confronto na comunidade enquanto agentes federais e civis atuavam na região. Ele morava na Praia da Luz, no bairro de Itaoca.

“Um jovem de 14 anos, um jovem com um futuro brilhante pela frente, que já sabia o que queria do seu futuro. Mas, infelizmente a polícia interrompeu o sonho do meu filho. A polícia chegou lá de uma maneira cruel, atirando, jogando granada, sem perguntar quem era”, lamentou o pai.

João Pedro também foi levado no helicóptero da polícia, sem o consentimento da família, que só teve conhecimento da morte do rapaz na manhã desta terça-feira (19). Após uma busca em diversos hospitais, o corpo do adolescente foi encontrado no Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo.

A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) instaurou inquérito para apurar a morte do adolescente. Foi realizada perícia no local e duas testemunhas prestaram depoimento. Os policiais foram ouvidos e as armas apreendidas para confronto balístico. (Com informações da RBA)

Veja cena humilhante para o Brasil.