(imagem: hans braxmeier – pl)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

Alguém aí teria
Lagrimas para me emprestar?
É que as que eu tinha
Acabaram de secar
Também peço que emprestem
Aqueles soluços que parecem
Que vão nos explodir
É que devido aos prantos
Eu solucei tanto
Que sem querer os engoli.
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Tenho sofrido de indignação
E de perda de paciência
Porque a ideologia e a religião
Têm se sobreposto à ciência
Fazendo com que o conhecimento
Dê lugar aos argumentos
Baseados no abstracionismo
Que inibe o senso crítico
Que é o maior requisito
Para não cairmos no abismo.
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Alguém me empreste bálsamo
Para sarar as dores que sinto
Quando vejo seres bárbaros
Cultuando o AI-5
E pedindo a destruição
Dos fundamentos da Constituição
E dos alicerces da Democracia
Preciso que emprestem também
A crença de que pessoa de bem
Signifique gente com sabedoria.
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Mas se você tiver grandeza
E me emprestar o que peço
Lhe darei o que a tristeza
Não eliminou do meu peito
Mas não precisará me devolver
Porque o que tenho para oferecer
Se multiplica ao ser doado
Então receba a minha esperança
De que desfrutaremos da bonança
Quando toda essa dor tiver passado.
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20/04/2020

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