Em entrevista a Luis Nassif, o presidente do plano de Saúde Prevent Senior, Fernando Parrillo, diz que tem dados de que a associação entre telemedicina e cloroquina deu bons resultados. Por meio da telemedicina, os médicos conseguem aplicar o medicamento até o segundo dia da infecção com o coronavírus.

Fernando Parrillo (foto de tela)

Na entrevista, Parrillo mencionou as experiências do grupo com pacientes afetados pelo coronavírus, mas os dados não foram publicados e nem corroborados cientificamente. São experiências que em hipótese alguma podem suspender o isolamento social. O Prevent Senior é um plano para idosos e teve o maior número de mortos no início da epidemia em São Paulo.

Segundo Parrillo, 360 pacientes altas de pacientes com coronavírus com o uso da hidrocloroquina até o segundo dia da infeção. Segundo ele, a injeção de cloroquina nos dois primeiros dias reduziu consideravelmente sua exposição à doença, permitindo que, com os demais remédios ministrados, saíssem curados do tratamento. Não foi informado o número de mortos no período.

Parrillo também diz que tem uma segunda pesquisa – cujos resultados estão sendo mantidos em sigilo até sua revisão e publicação em revista científica – com mais de mil pacientes que já tomavam cloroquina para outras morbidades. Os resultados das pesquisas já foram enviados para academias e publicações científicas e aguardam análise para publicação.

Nassif faz as ponderações políticas e sociais, caso os resultados científicos sejam satisfatórios:

“Se confirmadas, as pesquisas trarão consequências políticas, científicas e médicas relevantes.

Do lado político, o inconsequente Jair Bolsonaro tem se valido da retórica da cloroquina para combater o isolamento social. Sem isolamento social, haverá um desastre, com ou sem cloroquina.

A politização imposta ao tema – por ele e por seu guru Donald Trump – fará com que a vitória da cloroquina seja considerada vitória da anticiência sobre o pensamento científico. Haverá uma exploração política intensa, com Bolsonaro tentando ocultar sua ciclópica incompetência na aposta no medicamento. Esse é o dilema maior: sendo boa para os pacientes, a mística da cloroquina será um horror para a política.

E, se as pesquisas forem confirmadas, a cloroquina apenas melhorará as condições iniciais dos pacientes, sem prescindir da retaguarda de leitos médicos e de UTI.

O estardalhaço que se seguirá provocará uma nova corrida do público às farmácias, mesmo daquelas pessoas sem sintomas de coronavirus. Será mais um efeito negativo da politização imposta por Bolsonaro.

Do lado científico, haverá a necessidade de se acelerar as análises das pesquisas e grandeza para despolitizar o tema, sabendo que poderá significar o fortalecimento dos dois governantes mais irresponsáveis e inconsequentes da história de seus respectivos países.

Do lado médico, se confirmados os efeitos positivos da cloroquina, haverá riscos no uso excessivo da dosagem ministrada. Daí o fato de não prescindir de acompanhamento médico.

Veja entrevista.