Para Miriam Gomes Saraiva, pesquisadora do departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a mudança radical da diplomacia brasileira com o governo de Jair Bolsonaro – mais uma vez demonstrada no evento de Bogotá – está “acabando com a confiança” que o Brasil cultivou ao longo de décadas em sua diplomacia.

(foto ilustrativa – Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Em sua opinião, o Brasil, com o atual governo, em relação aos reflexos em sua imagem internacional, faz algo semelhante à Argentina quando iniciou a Guerra das Malvinas (1982).

“O Brasil com Bolsonaro está fazendo um pouco isso. É uma coisa que não existia no Brasil, essa extrema-direita retrógrada. Conservadora seria um elogio. Retrógrada nos costumes, agressiva. Isso não existia”, diz.

A mudança na tradição diplomática brasileira é visível em sua posição de alinhamento incondicional aos Estados Unidos e o governo Donald Trump. “Antes de Bolsonaro, o Brasil sempre evitou assumir posições claras sobre quem considera terrorista, sobretudo por causa da Colômbia, para não classificar as Farcs como grupo terrorista”, explica.

Para Miriam, a repercussão da participação do Brasil na Conferência (Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, que aconteceu recentemente em Bogotá) terá consequências se “o governo brasileiro pegar isso e vocalizar em relação ao Oriente Médio, se começar a classificar grupos do Oriente Médio como terroristas”, o que ainda não aconteceu após a conferência, embora o governo brasileiro já tenha apoiado os EUA em seu ataque que, no início de janeiro, matou o general iraniano Qassem Soleimani. “Aí começa a ter repercussão, respostas, consequências, e pode afetar relações econômicas. Mas enquanto ficar aqui na América, não passa nada”, afirma a pesquisadora. (Da RBA)

Veja entrevista completa de Eduardo Maretti na RBA.