Um novo capítulo da Vaza Jato, revelado neste domingo em reportagem de Ricardo Balthazar, da Folha, e Rafael Neves, do Intercept, revela que o ministro Sergio Moro, da Justiça, quebrou seu próprio padrão de atuação, ao divulgar áudios do ex-presidente Lula.
“Um levantamento feito pela Operação Lava Jato em 2016 e nunca divulgado põe em xeque a justificativa apresentada pelo ministro Sergio Moro quando era o juiz do caso e mandou retirar o sigilo das investigações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”, aponta a reportagem.
Na época, Moro disse que apenas seguira o padrão estabelecido pela Lava Jato, garantindo ampla publicidade aos processos que conduzia e a informações de interesse para a sociedade.
Mas uma pesquisa feita pela força-tarefa da operação em Curitiba concluiu que o procedimento adotado no caso de Lula foi diferente do observado em outros casos semelhante.
“O levantamento da Lava Jato, que analisou documentos de oito investigações em que também houve escutas telefônicas, indicou que somente no caso do ex-presidente os áudios dos telefonemas grampeados foram anexados aos autos e o processo foi liberado ao público sem nenhum grau de sigilo. Nos outros exemplos encontrados pela força-tarefa, todos extraídos de ações policiais supervisionadas por Moro na Lava Jato, o levantamento do sigilo foi restrito”, aponta a reportagem.
A quebra do sigilo do caso Lula contribuiu para aumentar a pressão políticas de grupos de direita contra o governo de Dilma Rousseff e impedir que Lula ajudasse nas relações com o Congresso Nacional. A quebra do sigilo telefônico da presidente da República foi decisivo para o golpe parlamentar de 2016. Em resposta à reportagem, Moro acusou a Folha de fazer sensacionalismo. (Do 247/Carta Campinas)