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Exposição ‘Gravura e crítica social’ reúne obras de Lasar Segall, Oswaldo Goeldi e Renina Katz

Em São Paulo – Poderá ser vista até o dia 16 de fevereiro de 2020, no Edifício Pina Luz, da Pinacoteca de São Paulo, a exposição Gravura e crítica social: 1925-1956, uma reunião de gravuras, pertencentes ao acervo da Pinacoteca, em torno do engajamento social. Com curadoria de Valéria Piccoli, curadora-chefe do museu, o conjunto é composto por 67 obras em xilogravura e linoleogravura de autoria de 18 artistas brasileiros como Lívio Abramo, Lasar Segall, Oswaldo Goeldi e Renina Katz.

Renina Katz

As décadas de 1930 e 1940 são marcadas, no contexto da arte brasileira, pela emergência das temáticas de cunho social. Isso se manifesta em particular entre os gravadores – e muito particularmente na técnica da xilogravura –, que se reúnem em “clubes” e atuam no sentido de representar trabalhadores em suas mais variadas funções. A Pinacoteca possui um acervo significativo de gravuras desse período e pretende agora apresentar uma seleção representativa acerca do tema.

A mostra inicia-se com Lasar Segall e Oswaldo Goeldi registrando prostitutas e bordéis, até a generalização de assuntos como os operários, trabalhadores de construção civil, agricultores, a chegada dos retirantes nas cidades e a formação de favelas. Compõe o conjunto um número grande de obras — dezoito no total — de autoria de Renina Katz.

Influenciada pelo gravurista Axl Leskoschek, a paulista ficou conhecida por uma produção orientada pela denúncia da condição precária das camadas mais pobres da sociedade brasileira, evidente em obras como Retirantes (1948-1956), que registra o impacto do êxodo nordestino em direção ao sul do país e Favela (1948-1956), que apresenta, em tom melancólico, a simplicidade e dificuldade do cotidiano dessas comunidades.

“A Pinacoteca é privilegiada no sentido de possuir uma coleção bastante completa, que permite retraçar praticamente toda a produção de Renina Katz. O período em que ela volta sua atenção para temas da sociedade é muito interessante, se pensado em contraponto à produção abstrata pela qual ela é mais conhecida”, conta Valéria Piccoli.

Oswaldo Goeldi. Mulher e Homem de Cartola, 1930. Xilogravura (Foto: Isabella Matheus/Pinacoteca)

Destacam-se também obras produzidas pelos integrantes do Clube de Gravura de Porto Alegre, que se originou a partir de um movimento de renovação das artes no Rio Grande do Sul, na década de 1930. Teve como um dos principais membros o artista Carlos Scliar, que atuou como importante intermediário entre os artistas de São Paulo e os do sul do país, além do multiartista e professor Glênio Bianchetti, do gravador Danúbio Gonçalvez — que frequentou os ateliês de Candido Portinari e Iberê Camargo — e Vasco Prado, que desempenhou papel importante na formação do grupo, em 1950, após uma temporada de dois anos em Paris, durante a qual estudou ao lado de Fernand Léger, na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.

O grupo nutria uma ânsia pela atualização técnica e formal combinada ao entusiasmo pelo realismo social. Defendia também a arte figurativa com temática regional gauchesca, o folclore, o registro da vida do trabalhador rural e urbano, assim como as lutas da classe trabalhadora e a tentativa de levar a arte ao povo contra “as manifestações cosmopolitas e antinacionais do abstracionismo”, nos termos de Vasco Prado. Os integrantes do clube editaram ainda a revista Horizonte, cujas provas de impressão, que a Pinacoteca conserva, poderão ser vistas pelo público pela primeira vez.

A exposição integra a programação de 2019 da Pinacoteca, dedicada à relação entre arte e sociedade. Por meio dela, a instituição propõe examinar as dimensões sociais da prática artística, apresentando exposições que redimensionam a ideia de escultura social, cunhada pelo artista e ativista alemão Joseph Beuys. (Carta Campinas com informações de divulgação)

ARTISTAS PARTICIPANTES

Abelardo da Hora (São Lourenço da Mata, PE, 1924 – Recife, PE, 2014)

Ailema Bianchetti (Lavras do Sul, RS, 1926)

Carlos Scliar (Santa Maria, RS, 1920 – Rio de Janeiro, RJ, 2001)

Danúbio Gonçalves (Bagé, RS, 1925)

Edgar Koetz (Porto Alegre, RS, Brasil, 1914-1965)

Gastão Hofstetter (Porto Alegre, RS 1917-1986)

Gilvan Samico (Recife, PE, 1928-2013)

Glauco Rodrigues (Bagé, RS, 1929 – Rio de Janeiro, RJ, 2004)

Glênio Bianchetti (Bagé, RS, 1928 – Brasília, DF, 2014)

Ionaldo Cavalcanti (Recife, PE, 1933 – São Paulo, SP, 2002)

Lasar Segall (Vilna, Lituânia, 1889 – São Paulo, SP, 1957)

Lívio Abramo (Araraquara, SP, 1903 – Assunção, Paraguai, 1992)

Manoel Martins (São Paulo, SP, 1911-1979)

Maria Laura Radspiller (Rio de Janeiro, RJ, 1925)

Nilo Previdi (Curitiba, PR, 1913-1982)

Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro, RJ, 1895-1961)

Renina Katz (São Paulo, SP, 1925)

Vasco Prado (Uruguaiana, RS, 1914 – Porto Alegre, RS, 1998)

Gravura e crítica social: 1925-1956

Curadoria de Valéria Piccoli

Visitação: 26 de outubro de 2019 a 16 de fevereiro de 2020

De quarta a segunda, das 10h às 17h30 – com permanência até as 18h

Pinacoteca de São Paulo: Edifício Pina Luz – Praça da Luz 2, São Paulo, SP – Sala D, 2º andar

Ingressos: R$ 10,00 (entrada); R$ 5,00 (meia-entrada para estudantes com carteirinha) Menores de 10 anos e maiores de 60 são isentos de pagamento.

Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita para todos.

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