.Por Verônica Lazzeroni Del Cet.
Diversos adolescentes de Campinas – em situação de vulnerabilidade social –conquistam a chance de contribuírem para a construção de um futuro melhor, por meio do jornal ‘Conexão Jovem’.
Todo o esforço é fruto do trabalho do ‘Projeto Gente Nova-PROGEN’, criado em julho de 1984 e que em 2019 completa 35 anos de atividades. “Ao longo desses trinta e cinco anos permanecem o respeito à participação das crianças, adolescentes, jovens, família e comunidade na elaboração e planejamento das atividades, pois temos como princípio de trabalho propiciar a escuta das demandas e sugestões trazidas por este público alvo e da própria comunidade”, explica a auxiliar de coordenação Leticia Xavier.
Inicialmente, a proposta da PROGEN estava diretamente ligada às ações de prevenção às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Os jovens da comunidade organizavam atividades e brincadeiras junto às crianças; ajudando, assim, a pensar e construir um futuro diferente’, comenta Leticia Xavier.
Hoje em dia, não só os jovens e crianças são atendidos pela proposta, mas também suas famílias. Todas as ações realizadas pela PROGEN são gratuitas e dirigidas ao atendimento assistencial, através de prestação de serviços e execução de programas e projetos de proteção social básica e especial.
A entrevistada, a jornalista Leticia Xavier, comenta também a respeito da contribuição que chega e agrega valores e esforços junto da PROGEN. Um auxílio vindo de Campinas, mas fora do núcleo das ações do ‘Projeto Gente Nova’. “Cabe-nos destacar o diálogo com as Universidades, em especial as Faculdades de Psicologia e Nutrição, da PUC-Campinas, que se fazem presentes nas ações do PROGEN ao longo de 10 anos. Além do Centro de Memória da Unicamp, que iniciou a sua contribuição a partir de 2002, com o desenvolvimento das oficinas de Jornalismo, Foto, História Oral e Criatividade. Além disso, trabalharam a reconstrução da História dos Bairros da Periferia da Cidade de Campinas”, explica a jornalista.
A PROGEN continua exercendo suas tarefas pautadas na área de prevenção. Desde o surgimento do projeto e até os dias atuais, o número de famílias, adolescentes e crianças atendidos ampliou. “Com o tempo, o PROGEN vem aumentando cada vez mais a sua demanda de atendimento, tendo como base as necessidades apresentadas pela comunidade e dados do município, mas sempre tendo como princípio o atendimento de qualidade às crianças, adolescente, jovens, famílias e comunidade”, conta a auxiliar de coordenação.
Conexão Jovem
O jornal ‘Conexão Jovem’ nasce em 2003, a partir de uma pesquisa de Olga Von Simpson, do Centro de Memória da Unicamp. A pesquisa, intitulada por “Memória, qualidade de vida e cidadania: história dos bairros populares de Campinas”, contou, inclusive, com a pesquisa do jornalista Amarildo Carnicel, sobre Jornal Comunitário e Educação não formal como uma estratégia de comunicação.
“Esse processo deu-se através de oficinas de jornalismo onde os adolescentes sugeriam as pautas que a princípio eram quase que totalmente sobre violência, uma vez que, era um assunto bastante vivenciado por eles já que o bairro sempre estava nas páginas policiais dos grandes periódicos”, diz a entrevistada.
“Ao longo do tempo foi possível descobrir que no bairro também havia aspectos positivos para se mostrar, mas na maioria das vezes acabavam ofuscados pela violência. Surge então a ideia de publicar o que não se via nos grandes jornais e isso começou a surtir efeito através da autoestima dos jovens e da comunidade que passaram a enxergar o bairro de uma maneira diferente: descobrindo poetas, artesãos, músicos entre outros no território e apreciando a rica cultura que ali existia”, explica a jornalista Leticia.
Desde então, o projeto se mantém. A única diferença notada foi o aumento da circulação do periódico. “O que antes só ficava no bairro hoje já percorre toda região noroeste”, comenta Leticia. Além disso, outros dois projetos surgiram, graças ao trabalho do ‘Conexão Jovem’. “O Conexão ganhou dois irmãos caçulas: o ‘Satélite Hoje’ e o ‘Bassoli em Foco’ que foi produzido este ano. Todos com os mesmos moldes”, explica a entrevistada.
Criando o Conexão Jovem
A elaboração do ‘Conexão Jovem’ conta com a contribuição dos adolescentes durante todo o processo de escrita das matérias. “Os jovens participam das entrevistas e escrita dos textos que passam pela orientação de educadores ou até mesmo eu diretamente”, comenta Leticia Xavier que fica responsável pela edição dos textos e fotos, justamente com o encarregado pelo setor de Relações Públicas, Fernando Pompeo. “São publicados duas edições por ano dos três jornais, uma em cada semestre”, diz a jornalista.
Até a elaboração da pauta é da responsabilidade dos envolvidos com o ‘Conexão Jovem’. “Hoje além de contarmos com os adolescentes na produção de matérias também temos a parceira de escolas e serviços das regiões de circulação”, comenta Leticia Xavier.
Todo o envolvimento dos adolescentes garante o maior benefício desse projeto e que é, segundo a entrevistada, estimular o senso crítico dos envolvidos, uma vez que eles conseguem reconhecer seus direitos e assumem o papel de protagonistas, ganhando uma voz e espaço para falarem.
Os jornais têm a tiragem de 1000 exemplares impressos e que são, posteriormente, distribuídos em escolas, para anunciantes e até mesmo em centros de saúdes. Além desses pontos de entrega, recebe o ‘Conexão Jovem’ o CRAS- Centro de Referência da Assistência Social. Um diferencial do periódico é existir o formato online de todo o conteúdo dos três jornais produzidos pelos adolescentes, possibilitando a leitura dos usuários no site da PROGEN.
Vários envolvidos na realização das atividades – entre jovens e crianças – manifestam a descoberta de um novo espaço de vivência, assim como gosto pela área jornalística e da fotografia.
“Todas essas atividades estão relacionadas a metodologia de trabalho que o PROGEN executa onde cada uma das ações que são realizadas são um meio para interiorizar valores, consciência crítica e princípios éticos que são fundamentais na formação do cidadão. Inclusive, possibilitar o desenvolvimento do senso de colaboração, participação e solidariedade, despertando habilidades que irão fortalecer sua cidadania”, comenta a auxiliar de coordenação.