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Ataque à Educação e à Ciência faz Unicamp convocar comunidade universitária após 38 anos

Os ataques constantes do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro (PSL) contra a Educação, a Ciência e as universidades públicas fizeram o Conselho Universitário (Consu) da Unicamp, órgão máximo de deliberação da universidade, aprovar nesta terça-feira (24) a convocação da comunidade acadêmica para uma assembleia universitária extraordinária a ser realizada no dia 15 de outubro, às 12h, no Ciclo Básico do campus de Campinas.

Assembleia histórica no Ciclo Básico, em 1981, contra a intervenção. (Foto: Acervo Histórico Arquivo Central – Siarq)

O objetivo é votar uma moção e conscientizar a sociedade contra a série de ataques sofridos pelas universidades e institutos de pesquisa, caracterizados principalmente pelos cortes de bolsas e ameaças à autonomia universitária.

É a primeira vez em 38 anos de história que a Unicamp organiza uma manifestação desta proporção. A última vez que a comunidade reuniu foi em 1981, para protestar contra a intervenção do governador Paulo Maluf no campus, ainda durante o regime militar.

Knobel (foto antonio scarpinetti – unicamp -arq)

A tentativa do governo estadual de intervir na administração da universidade gerou uma onda de protestos que culminou com um grande encontro no Ciclo Básico. Pressionados, os interventores acabaram renunciando aos cargos.

“Dessa vez a ideia é mostrar a força e a união de toda a comunidade acadêmica em torno de uma causa comum”, disse o reitor Marcelo Knobel antes de submeter a proposta de uma assembleia universitária extraordinária à votação dos conselheiros. “Precisamos reunir todas as entidades representativas da universidade para nos posicionarmos contra os ataques que estamos sofrendo e chamar a sociedade em defesa da ciência, da educação e da autonomia universitária no país”, completou.

Desde o primeiro semestre, as principais agências federais de fomento e apoio à pós-graduação sofreram drástica redução nos recursos destinados ao financiamento de bolsas e demais auxílios à pesquisa, essenciais para milhares de estudantes brasileiros e para a sustentabilidade do sistema nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) registrou este ano um déficit de R$ 330 milhões, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), de R$ 800 milhões, e a Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) está paralisada pela falta de recursos necessários para honrar compromissos assumidos.

Romão (foto de vídeo)

Atualmente, CNPq e Capes aportam cerca de R$ 12 milhões mensais para financiamento de bolsas a 5 mil estudantes de pós-graduação na Unicamp. “No curto prazo, o eventual corte desses recursos trará prejuízos incalculáveis para estudantes e, no médio prazo, para o país como um todo”, pondera o reitor. “Nenhum país em crise financeira corta recursos em educação e ciência, ao contrário, são essas áreas que permitem a recuperação e o desenvolvimento econômico”.

A proposta de promover uma assembleia universitária extraordinária começou a tomar corpo na reitoria a partir de uma iniciativa dos estudantes de graduação e pós-graduação, por meio de diversos centros acadêmicos, Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Associação de Pós-Graduação (APG), que no mês passado protocolaram um documento pedindo a realização de uma assembleia extraordinária para discutir os ataques sofridos pelas universidades.

“Nesse contexto de ataque às universidades públicas é importante reunir a comunidade acadêmica para uma resposta conjunta a essa situação”, disse Lucas Marques, do DCE-Unicamp. “Será uma oportunidade ímpar para debatermos alternativas e reafirmarmos a autonomia universitária”, pontuou Leandro Camargo de Oliveira, um dos representantes discentes no Consu.

Para João Raimundo Mendonça de Souza, o Kiko, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU), o ato será um marco importante no atual contexto político. “Além de evidenciar nosso espírito de luta, a assembleia estará revestida de um forte simbolismo, no sentido de reafirmar uma pauta comum em defesa da universidade e contra os cortes”, afirmou.

A proposta também recebeu apoio do presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), Wagner Romão. “Além do grande simbolismo, a assembleia será um momento crucial para defendermos o papel da universidade perante a sociedade”, afirmou. A convocação de assembleia universitária extraordinária está prevista no artigo 163 do estatuto da Unicamp. (Da Unicamp e Carta Campinas)

Veja convocatória do presidente da ADuncamp:

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