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Unicamp tenta reparar caos provocado por Bolsonaro e avalia como ‘prejuízo incalculável’ ao Brasil

O caos implantado nas universidades públicas pelo governo Bolsonaro (PSL) com o corte de orçamento e das bolsas de pesquisa afeta também a Unicamp, que é uma universidade estadual. Os cortes nas bolsas de estudos do programa Capes/CNPq afetam a vida de 5 mil pesquisadores da universidade sediada em Campinas. Atualmente, CNPq e Capes aportam cerca de R$ 12 milhões mensais para financiamento de bolsas na Unicamp.

Marcelo Knobel (foto antonio scarpinetti – unicamp)

“A situação é dramática e estamos muito preocupados com os estudantes e com o futuro da ciência e tecnologia, que são áreas fundamentais para o desenvolvimento do país”, afirmou reitor Marcelo Knobel.

“No curto prazo, o eventual corte desses recursos trará prejuízos incalculáveis para estudantes e, no médio prazo, para o país como um todo. Nenhum país em crise financeira corta recursos em educação e ciência, ao contrário, são essas áreas que permitem a recuperação e o desenvolvimento econômico”, afirma Knobel.

Somente o CNPq concede à Unicamp um total de 2.861 bolsas de diferentes modalidades, oferecidas aos estudantes de ensino médio e superior em nível de técnico, graduação e pós-graduação, para a formação de recursos humanos no campo da pesquisa científica e tecnológica, e de especialistas no desenvolvimento de pesquisa e inovação em empresas e centros tecnológicos.

As bolsas estão divididas nas seguintes áreas: 643 em ciências exatas e da terra; 507 em engenharias; 448 em saúde; 336 em ciências humanas; 275 em ciências biológicas; 268 em ciências agrárias; 179 em linguística, letras e artes; 143 em ciências sociais aplicadas; 16 em tecnológicas; além de mais 16 bolsas em outras áreas.

Segundo o chefe de gabinete, José Antonio Gontijo, nesse momento ainda não é possível saber quantas bolsas e quais seguimentos sofrerão os cortes, que passarão a ocorrer a partir de outubro, referentes às atividades de setembro. “Mas já tomamos providências para enfrentar a situação de forma emergencial”, disse.

Uma das medidas adotadas foi a designação, já na segunda-feira (02), de um grupo de trabalho (GT) destinado a estabelecer o Programa Emergencial de Apoio a Bolsistas do CNPq. Caberá ao GT definir e implantar, no prazo de trinta dias, eventual subvenção a alunos, através de acesso à alimentação, bolsa moradia, suporte à saúde mental e criação de um fundo de apoio.

“Estamos estudando as alternativas para apoiar os estudantes nesse momento, mas não sabemos por quanto tempo essa ajuda será possível”, disse o reitor, destacando que eventual remanejamento de recursos internos terá de ser submetido ao Conselho Universitário.

Aos cortes no CNPq, soma-se a suspensão, também a partir de setembro, do cadastramento de novos bolsistas e a alteração de vigência das bolsas e taxas escolares atualmente oferecidas pela Capes, conforme circular divulgada na segunda-feira (02) pelo órgão federal. Na Unicamp, a medida eliminará em setembro 31 bolsas de mestrado, 26 de doutorado e 1 de pós-doutorado. Em maio já haviam sido cortadas 17 de mestrado, 23 de doutorado e 3 de pós-doutorado. Em junho, foram eliminadas mais 17, sendo 8 de mestrado e 9 de doutorado.

A Unicamp aprovou uma moção contra as medida do governo. “Além de interromper pesquisas em andamento, os cortes ameaçam parcerias com setores estratégicos da indústria e projetos de inovação com a iniciativa privada”, disse o pró-reitor de Pesquisa, Munir Skaf, durante a sessão da CEPE que aprovou a moção.

Patrícia Kawaguchi, representante da Comissão Pró-Associação dos Estudantes de Pós-Graduação da Unicamp disse que a situação de muitos estudantes é desesperadora. “Foram firmados contratos com o CNPq e as pessoas programaram suas vidas com base nesses contratos”, completou.

“É impossível dar sustentabilidade ao sistema de pós-graduação sem a renovação das bolsas”, disse o professor José Claudio Geromel, da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC). (Carta Campinas com informações da Unicamp)

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