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Future-se vai rebaixar as universidades públicas do Brasil às piores instituições privadas

No terceiro ponto da análise de Renato Souza, que estudou o programa Future-se para participar de um debate no próprio MEC (Ministério da Educação), ele mostra como o projeto vai piorar a qualidade do ensino nas universidades públicas brasileiras. Veja ao final do texto o link dos outros pontos.

O Future-se produzirá um nivelamento por baixo nas universidades brasileiras

.Por Renato Souza.

Ele (o Future-se) reduzirá a qualidade do ensino superior, pesquisa e extensão, nivelando as universidades públicas às piores instituições privadas brasileiras.

(foto cecilia bastos – usp imagens)

O Brasil tem 4 grandes modelos de universidades: as públicas, incluídas as federais e estaduais (UFRJ, USP, UNICAMP…); as confessionais, que pertencem a congregações religiosas (PUCs, Unissinos…); as comunitárias, vinculadas e administradas pela comunidade acadêmica e regional (UNIJUÍ, UNISC, UPF…); e as particulares, que tem proprietários privados (UNOPAR, UNINTER, São Judas Tadeu…). Destas, apenas as públicas são gratuitas e apenas as particulares seguem exclusivamente a lógica empresarial. As confessionais orientam-se por valores educacionais de suas congregações religiosas, e as comunitárias atendem a conjuntos variados de interesses, demandas e valores comunitários, acadêmicos e regionais.

Dentre os quatro tipos, o modelo das universidades públicas e IFETs brasileiros não é um problema, é solução. Em qualquer ranking nacional ou internacional que se observar, as instituições públicas de ensino estão sempre entre as melhores.

Por exemplo, na avaliação do MEC de 2017 pelo Índice Geral de Cursos (IGC), apenas 4 universidades particulares estavam na listas das 50 melhores. No ranking de 2018, a primeira universidade particular aparece no ranking apenas na posição 25 (e é do sistema PUC, confessional, portanto); até a posição 24 todas são públicas.

Nos rankings internacionais, a lógica não é diferente. Em 2018, 36 universidades brasileiras entraram em um ranking internacional das melhores do mundo, publicado pela Times Higher Education. Das 36 universidades, 32 eram públicas, das quais 25 federais (atualmente alvo do Future-se) e 7 estaduais. Apenas 4 privadas figuraram no ranking, 3 do sistema PUC mais a UNISINOS, ou seja, todas instituições confessionais que sequer seguem uma lógica pura de mercado, e sim o dever educacional de suas congregações religiosas.

Esta é uma tendência que se segue em outros rankings educacionais internacionais: as universidades públicas sempre estão entre as melhores.

Então, jogar as universidades federais para o mercado, submetendo-as à logica do mercado financeiro, é impor um critério que tem produzido os piores resultados no Brasil. Instituições puramente empresariais (notadamente as particulares) não figuram em qualquer ranking de qualidade educacional no Brasil e no Mundo, e geralmente quando figuram, estão nas piores colocações. (do GGN)

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