.Por Eduardo de Paula Barreto.
Não Consigo correr
Tenho os pés presos na terra
Se ao fogo eu sobreviver
Sobreviverei às serras?
Onde estão os macacos
Araras, rãs e sapos
Cadê a bicharada?
Arde minha pele toda
Enquanto o vento sopra
Labaredas nas queimadas.
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Minhas folhas descem
Como chamas de carbono
Meus galhos se parecem
Com os galhos no outono
E ao chegar o verão
Serei apenas carvão
Sobre a terra árida
E não haverá sombra
Para deixá-la pronta
Para reter as águas.
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Essas árvores que andam
Por não terem os pés presos
E me serram e me queimam
Demonstrando seu desprezo
Talvez ainda apaguem
O fogo que em mim arde
Da maneira mais drástica
Ao inundarem o solo
Com o mar do desconsolo
Formado por suas lágrimas.
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24/08/2019
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Magistral, como sempre! Contundente e oportuno como nunca!
Obrigado pelos minutos de atenção. Abraço forte.