.Por Susiana Drapeau.

O mundo civilizado tenta reagir a barbárie que talvez só esteja começando. E o filósofo italiano Antonio Gramsci está no centro dessa discussão ou pelo menos deveria. Em recente palestra em Portugal, a ex-candidata a vice-presidente, Manuela Dávila, falou sobre o tema. A extrema-direita criou seu próprio universo de entendimento do mundo.

(imagem historicalmarialism org – reprodução)

A esquerda até que estudou Gramsci, ótimos autores trabalharam sua obra, mas os atores políticos da esquerda acharam o pensador italiano um pouco Nutella, já que ele falava de superestrutura, de cultura, de ensino, de mídia etc. Eles preferiram e colocaram em prática o marxismo raiz, com as concepções do século 19, a consciência de classe com um matiz forte de determinismo infraestrutural.

Gramsci foi iluminado por pensar o que pensou no início do século 20. Gramsci era italiano, berço do fascismo. Mas ele pareceu um pouco contraditório para a esquerda raiz, mas bem diferente foi a relação com a extrema-direita.

Num primeiro momento, a extrema-direita temeu e quis difamar Gramsci, tentando associá-lo a ideia de manipulação das massas, mas depois teve uma luz: opa! É isso!

O nazismo fez isso e a extrema-direita faz agora: mentir, absolutamente mentir, em todas as declarações, manipular, esconder, deturpar e fantasiar. Essa é a leitura que a extrema-direita faz dos objetivos finais da obra de Gramsci.

O que se nota hoje é a internet como a plataforma para a extrema-direita colocar em prática as ideias deturpadas sobre Gramsci e o Bloco Histórico. Como anotou Manuela Dávila na palestra em Portugal e outros pensadores já vêm refletindo, a extrema-direita criou sua própria esfera pública, local de manipulação e doutrinação minion terraplanista.

Em resumo (de forma simplista para não afetar o ego dos teóricos), para Gramsci as pessoas deveriam ter informação para poder pensar e questionar sua realidade e sua condição de oprimido. Para a extrema-direita, Gramsci serve para que as pessoas oprimidas sintam o desejo de serem oprimidas.