Umas das mentiras divulgadas recentemente no ataque contra o conhecimento, o Brasil e as universidades públicas é de que a pesquisa na universidade pública não gera resultados práticos.
É possível que já tenha ouvido que o Brasil não faz pesquisa, que é tudo importado. Não é verdade mesmo. Todos os dias os brasileiros se utilizam das pesquisas nas universidades. Ao tomar um ônibus ou ligar um automóvel todos os dias, os brasileiros estão usando tecnologias de combustível, por exemplo, desenvolvidas nas universidades públicas brasileiras em parceria com a Petrobras, empresa estatal. Não importa se você está usando gasolina, diesel, biodiesel ou etanol.
Mais que isso, todas as vezes que o Brasil tem um grande problema, o governo usa as universidades públicas para resolver. Foi assim com as pesquisas sobre o genoma de plantas, o desenvolvimento do etanol no regime militar etc.
A pesquisa universitária gera muitos resultados práticos de grande relevância econômica e social, contribuindo de forma decisiva para o desenvolvimento de novas tecnologia, para a formação de recursos humanos qualificados e melhorando a vida das pessoas.
Só a Unicamp tem mais de 700 empresas-filhas em atividade, faturando mais de R$ 4,8 bilhões por ano e gerando mais 30 mil empregos. A pesquisa feita dentro das universidades públicas está também dentro da vida do brasileiro.
O agronegócio, a produção de petróleo e bioetanol, o biodiesel, a indústria química, a administração, a informática, economia, a saúde pública, a pedagogia, e a medicina — todos os setores se beneficiam da pesquisa acadêmica, por meio de contribuições diversas, que não podem ser resumidas a um único produto.
Para se ter uma ideia de como essas pesquisas se transformam em coisas práticas, basta dizer que 8 das dez instituições que mais depositam patentes no Brasil são universidades públicas, federais e estaduais. E o que significa isso? Significa que são descobertas que podem gerar riquezas e benefícios para o país. A patente é dada para quem descobriu algo novo e não quer que seja copiado.
Um outro número importante 10 dos 16 fundadores de empresas que hoje valem mais de 1 bilhão de dólares no Brasil foram formados na USP. O Nubank, por exemplo, tem como co-fundadora Cristina Junqueira, que estudou Engenharia de Produção na Escola Politécnica (Poli) da USP. Os institutos de pesquisas, como Datafolha e Ibope, usam estudos sobre a realidade brasileira desenvolvidos por economistas, sociólogos e cientistas políticos. (Jornal da USP/Unicamp/Carta Campinas)