Umas das mentiras mais divulgadas durante décadas por setores privilegiados da sociedade e bastante difundida é de que a universidade pública é só para os ricos, que só entram filhos de ricos e que por isso deveria ser cobrada mensalidade.
Nada mais falso. A última pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil (Fonaprace) mostra que a grande maioria dos alunos das universidades federais são provenientes de famílias de baixa renda.
A pesquisa mostrou que 70,2% dos alunos são de famílias que têm 1,5 salários mínimos de rendimento per capita. Os dados desmentem a ideia de que os alunos de universidades públicas pertencem às camadas sociais com rendas altas. Pelo contrário, os alunos com rendimento na família maior do que 10 salários mínimos não representam nem 1% do total de alunos.
A renda média das famílias de onde vêm os alunos das universidades públicas é de um salário mínimo e meio.
Além disso, nas últimas décadas as políticas de cota permitiram que jovens de diversos grupos com dificuldade de acesso à universidade por causa da baixa renda conseguissem cursar.
A Lei de Cotas e as políticas de inclusão social mudaram a cara da universidade pública no Brasil e isso causou muita crítica justamente da parte mais elitizada da classes médias altas, ou seja, dos ricos brasileiros.
A Unicamp, por exemplo, desde 2014 tem o Programa de Ações Afirmativas para Inclusão Social (Paais), que dá pontos na nota do vestibular para os estudantes egressos de escolas pública. Este ano de 2019, o Conselho Universitário (Consu) aprovou um sistema de cotas étnico-raciais que reserva 25% das vagas disponíveis na instituição para candidatos que se autodeclarem negros e pardos. Segundo o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, cerca de 20% dos alunos que ingressam anualmente na universidade são pretos e pardos. “Nossa intenção, com o sistema de cotas, é ampliar esse contingente para 37%, que é a proporção de jovens pretos e pardos na população paulista”, afirmou à revista Fapesp.
A USP, que demorou para estabelecer uma política de cota, só fazendo isso em 2018, reserva metade das suas vagas para alunos de escola pública, pelo menos até 2021.
Esses alunos são de baixa renda e só conseguem se manter e fazer a universidade porque ela é gratuita. Se fosse paga, mesmo que conseguissem entrar por cotas, não conseguiriam cursar com o custo da mensalidade, material, moradia, transporte e alimentação.
Além disso, há programas nas universidades para atender alunos de baixa renda, ainda que sejam insuficientes para atender todos os alunos. Por exemplo, os restaurantes universitários (chamados de bandejão) cobram preços médio de R$ 3 por refeição para os estudantes.
As universidades reservam parte de seu orçamento com bolsas e auxílios de moradia, alimentação e transporte, assistência em saúde e creches. São formas de ajudar os alunos com dificuldades financeiras a continuar se dedicando à faculdade. (Jornal da USP/Carta Campinas)