Os vazamentos das reportagens publicadas neste domingo (9) pelo The Intercept Brasil mostram a intimidade entre o juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato. Para se referir a Sérgio Moro, os procuradores usavam o codinome de ‘Russo’, possivelmente para não ser identificado. Veja abaixo trecho da reportagem em que Moro é identificado como ‘Russo’.

(foto fabio rodrigues pozzebom – agência brasil)

“VIRAM ISSO????”, escreveu no Telegram Athayde Ribeiro Costa, um dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná. “PqP!”, respondeu Roberson Pozzobon, membro da equipe e do grupo FT MPF Curitiba 2, no qual procuradores da Lava Jato de Curitiba discutiam estratégias para as investigações que transformaram a política brasileira.

“As mensagens eram uma reação à notícia “Diretor da Odebrecht que acompanhava Lula em suas viagens será solto hoje”, publicada naquele 16 de outubro de 2015 no blog de Lauro Jardim, do Globo.

Minutos depois, Dallagnol usou o chat privado do Telegram para discutir o assunto com Moro, até então responsável por julgar os casos da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.

“Caro, STF soltou Alexandrino. Estamos com outra denúncia a ponto de sair, e pediremos prisão com base em fundamentos adicionais na cota. […] Seria possível apreciar hoje?”, escreveu Dallagnol.

“Não creio que conseguiria ver hj. Mas pensem bem se é uma boa ideia”, alertou o então juiz. Nove minutos depois, Moro deu outra dica ao procurador: “Teriam que ser fatos graves”.

“Depois de ouvir a sugestão, Dallagnol repassou a mensagem de Moro para o grupo de colegas de força-tarefa. “Falei com russo”, anunciou, usando o apelido do juiz entre os procuradores. Em seguida, os investigadores da Lava Jato passaram a discutir estratégias para reverter a decisão, mas Alencar não seria preso novamente, numa demonstração clara de que os diálogos entre Moro e Dallagnol influenciaram diretamente os desdobramentos da operação.”

As reportagens mostram que a troca de mensagens do ex-juiz federal Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol atuaram conjuntamente para impedir vitória eleitoral do PT e criminalizar seus integrantes.

O material foi entregue há cerca de um mês à reportagem do Intercept Brasil e mostra que a força-tarefa da Lava Jato atuou no caso Lula motivado por questões políticas, ideológicas e de forma inconstitucional. As mensagens expuseram a colaboração ilegal entre juiz Sérgio Moro e o procurador do Ministério Público Deltan Dallagnol. As ações foram negadas durante todos esses anos.

Veja a reportagem integral do Intercept Brasil