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Vídeo: Sônia Guajajara desmonta discurso preconceituoso de senadora do PSL

Nessa quinta-feira (11), em audiência publica sobre saúde indígena na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, ao discorrer sobre questões indígenas e direito a terras, a senadora Soraia Thronicke (PSL/MS) se confundiu e acabou ouvindo o que não queria da ex-candidata à vice-presidência da República pelo Psol Sônia Guajajara.

(foto midia ninja)

A senadora do partido do presidente Jair Bolsonaro começou dizendo que acha “bacana” o fato de o atual governo “respeitar as minorias”. Segundo ela, o país já conta com um ministério da Mulher, “coisa que não tínhamos”. Na verdade, o órgão foi criado em 2015 pela presidenta Dilma Rousseff, como Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, no contexto da reforma administrativa que implementou na época.

A seguir, Soraia Thronicke disparou uma série de incongruências: “Os povos indígenas têm hoje em torno de 13% do território nacional. A nossa área agricultável, e que é utilizada, é de 7%, segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Tem política pública destinada, e por que eles continuam miseráveis com 13% do território nacional, quando nós utilizamos 7%? Essa terra não é de vocês, a terra é da União. Quem usa o índio?”, questionou a senadora. “Por que o índio é maltratado também. Mas quem fez isso com os índios? Os próprios índios?”

Como resposta, Sônia Guajajara classificou a fala da parlamentar como fruto de uma visão racista, alienada e preconceituosa. “A sua fala, senadora, retrata muito bem o pensamento que tem esse setor ruralista que compõe a Câmara e o Senado, que a qualquer custo quer flexibilizar a legislação ambiental pra explorar os territórios.” Acrescentou que os territórios não são mesmo dos índios. “São da União, sim, mas é usufruto dos povos indígenas.”

A ativista explicou à senadora que as terras em questão não apenas têm relação com os direitos dos povos, como dizem respeito a conceitos de preservação ambiental e à cultura das nações indígenas.

“Pra nós, o território é sagrado, precisamos dele para existir. Vocês olham para a terra indígena e chamam de improdutiva. Nós chamamos de vida. O mundo inteiro está preocupado com o aquecimento global, discutindo efeito das mudanças climáticas, pensando formas de reduzir o gás carbônico para garantir que a gente tenha equilíbrio do clima”, disse Sônia. Ela continuou, avaliando a fala de Soraia como sendo “a cara desse governo truculento”, que quer promover a entrega dos territórios para exploração “porque não pensa na vida, só em dinheiro”.

“Sinais das chuvas”

A líder afirmou que a relação das nações indígenas com a terra é em nome da sustentabilidade e respeito à “mãe natureza”. “A terra está pedindo socorro, e vocês não estão escutando, não estão vendo os sinais das chuvas, das secas, dos vulcões, dos furacões. Se (isso) continuar, o próprio planeta não aguenta por mais 50 anos.”

Sobre o questionamento da senadora do PSL, segundo a qual os índios são “miseráveis”, Sônia respondeu que eles escolheram continuar com seu modo de vida. “Tem que respeitar a diversidade, os diferentes povos desse país.” Ela acrescentou que, se dependesse dos ruralistas e de lideranças como Soraia, os indígenas não existiriam mais.

Ela explicou ainda que os direitos territoriais dos povos não são somente direitos constitucionais, mas um “direito originário dos povos indígenas e nós não vamos perder nossa vida pro agronegócio”.

Sônia terminou criticando membros do governo e o presidente da República. “Aí vem o ministro das Relações Exteriores (Ernesto Araújo) dizer que é questão de marxismo, que território indígena é ‘ideologia’. Se vocês não querem respeitar, assumam. Não fiquem fazendo de conta que gostam de índio, como a (ministra) Damares diz. Bolsonaro diz ‘o índio é meu irmão’. Que irmão é esse que querem matar, tirar seu direito de existir?” (Da RBA)

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