O vídeo divulgado neste domingo (31) pelo Palácio do Planalto corroborando com a defesa do golpe militar que derrubou a democracia vigente, em 1964, é considerado “covarde”, nas palavras do professor do departamento de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão, que também é presidente da Associação dos Docentes da Unicamp (ADunicamp).
“É um vídeo covarde, sem autoria. A Secretaria de comunicação da Presidência da República, da maior instituição do país, disseminar o vídeo como se fosse qualquer adolescente. Sem autoria, sem evidência histórica, sem contraponto ou tentativa de sustentação”, critica Romão aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria.
A peça de comunicação divulgada pelo Palácio do Planalto afirmando que o Exército “salvou o país” é parte de um “momento de revisão histórica”, de acordo com o professor, legitimado pela eleição de Jair Bolsonaro que se alimenta, em partes, da relativização da mídia tradicional.
Durante a entrevista, foi lembrado famoso editorial do jornal Folha de S. Paulo, de fevereiro de 2009, que classificou a ditadura que se seguiu ao golpe de 1964 como “ditabranda”.
Mas a tentativa de reescrever a história sobre um dos períodos mais violentos do país vem sendo reforçada por grupos de apoiadores do presidente, redes sociais e pelos membros do próprio governo, como o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que insiste em classificar erroneamente o nazismo como “movimento de esquerda”.
“A gente vive num mundo das bolhas e essas posições são disseminadas sem nenhuma condição de se estabelecer o contraditório”, lamenta Romão. (DA RBA)
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