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‘Letizia Battaglia: Palermo’ traz 58 imagens da fotógrafa italiana entre a violência da máfia e a vida nos bairros pobres da cidade

Em São Paulo – Poderá ser vista até o dia 22 de setembro de 2019, no Instituto Moreira Salles (IMS), da Av. Paulista, a exposição “Letizia Battaglia: Palermo”.

Homem se cobre com uma capa para não ser fotografado, Geraci Siculo, 1989. (Foto de Letizia Battaglia)

Desde 1971, quando começou a fotografar, a obra de Letizia Battaglia permanece estritamente ligada à cidade de Palermo. Como editora de fotografia do cotidiano L’Ora, a partir de 1974, documentou os conflitos que abalaram a cidade, especialmente nas décadas de 1970 e 1980, na época mais violenta da “guerra da Máfia”.

São imagens extremamente intensas, amiúde brutais, que, sem dúvida, estão entre as suas fotografias mais conhecidas. Mas Battaglia documentou também a vida dos bairros pobres de Palermo, os movimentos políticos, o despertar de novos comportamentos sociais, produzindo imagens que se tornaram icônicas. Sempre encarou a fotografia como instrumento de intervenção e de denúncia social; a isso se une uma extraordinária força expressiva e um apuro formal, que marcam suas fotos com uma assinatura inconfundível e a tornaram um dos nomes mais importantes da fotografia europeia de sua geração.

Menina com a bola, bairro La Cala, Palermo, 1980. (Foto de Letizia Battaglia)

Em 1985, quando recebeu o prêmio W. Eugene Smith for Humanistic Photography, estava engajada nos protestos contra a máfia e seus conluios com o poder público, conhecidos como “primavera de Palermo”. No mesmo ano, tornou-se secretária de cultura pelo Partido Verde. Nessa função, que exerceu até 1991, teve um papel importante na recuperação do centro histórico de Palermo. Nos anos seguintes, retomou a fotografia, foi deputada da Assembleia Regional da Sicília e se dedicou à edição, publicando as revistas Grandevú (uma fanzine que teve um papel importante para os movimentos sicilianos de contracultura) e Mezzocielo (dedicada exclusivamente a obras e textos de mulheres), além de criar a editora Edizioni della Battaglia, centrada em poesia, literatura, ensaios de sociologia e política ligados à região siciliana.

A exposição tem curadoria de Paolo Falcone, especialista na obra da fotógrafa, e é uma adaptação da mostra montada em Palermo (Cantieri Generali della Zisa) e em Roma (Maxxi). Com apoio do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, Departamento de Cultura do Município de Palermo e Fundação Sambuca reúne 58 imagens, exemplares de publicações e vídeos, entre eles o documentário La mia Battaglia (2016), do cineasta siciliano Franco Maresco. Entre setembro de 2018 e março de 2019 a mostra foi apresentada no IMS Rio.

A mostra vem acompanhada de um catálogo com imagens registradas principalmente nos anos 1980, justamente o período mais intenso da guerra entre mafiosos.

O catálogo/livro do IMS traz textos do curador da mostra, Paolo Falcone, fundador e diretor artístico da Fundação Sambuca de Palermo, além do crítico Lorenzo Mammì, responsável pela programação do IMS em São Paulo. Há ainda um terceiro ensaio, de Leandro Demori, sobre os crimes da Cosa Nostra fotografados por Letizia Battaglia, desde o primeiro registro, o homicídio de um agricultor ao pé de uma árvore, em 1974, até a morte do juiz Giovanni Falcone, em maio de 1992, passando pela prisão de mafiosos como Leoluca Bagarella e o atentado contra o político democrata-cristão Piersanti Mattarella – morto por pistoleiros na frente de sua mulher e filha, em 1985. Correu mundo a foto de seu irmão Sergio Mattarella, atual presidente da Itália, puxando seu corpo para fora do carro. E fez de Letizia Battaglia um ícone da fotografia contemporânea, espécie de herdeira intelectual de Weegee (o norte-americano Arthur Fellig, morto em 1968 e mestre da fotografia realista seguido por célebres fotógrafos como Diane Arbus).

A entrada é gratuita. Mais informações no site do IMS Paulista. (Carta Campinas com informações de divulgação)

A festa acabou na praia de Arenella, Palermo, 1986. (Foto de Letizia Battaglia)

Entrada gratuita
27 de abril a 22 de setembro de 2019

Terça a domingo e feriados (exceto segunda), das 10h às 20h. Quinta (exceto feriados), das 10h às 22h.

IMS Paulista
Galeria 3
Avenida Paulista, 2424
São Paulo/SP

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