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Associação de Campinas humaniza hospitais e lar de idosos com fábulas e muitas histórias

(foto associação griots divulgação)

.Por Verônica Lazzeroni Del Cet.

Uma história comunica com alegria, cultura e esforço um momento não só de aprendizado, mas também de humanização. Assim acontece com a Associação Griots – Os Contadores de História.

Os Griots são considerados em Campinas pelo famoso colete amarelo que vestem, fantoches que usam e pelos livros e momentos de leitura que buscam humanizar o contato com pacientes em tratamento ou com idosos em casas de repouso de Campinas. São contadores de histórias e o nome que escolheram é inspiração que vem da África. Lá, os Griots contavam sobre as tradições e cultura do continente africano. Viajavam divulgando os feitos de heróis e mantendo ainda viva as histórias da África.

Em Campinas, a missão é diferente, mas ainda assim envolve o ato de contar uma história. Ser um Griot é assumir uma grande responsabilidade não apenas com o momento da leitura, como também com o objetivo defendido pela associação. “Ser um Griot é uma grande responsabilidade e exige um treinamento específico”, conta o diretor geral da Associação Griots, Marcos Baraldi.

Tal treinamento exigido consiste em quatro fases e qualquer pessoa que desejar ser um voluntário junto da associação enfrenta tal preparação. Segundo Marcos Baraldi, a equipe responsável por ministrar todas as fases eliminatórias é composta por psicólogos, infectologistas e voluntários capacitados.

As fases do treinamento

Durante as quatro fases do treinamento, o candidato responde a questionários sobre disponibilidade para desenvolver o trabalho, passa por entrevista com a psicóloga do grupo, frequenta palestras, realiza estágio nos ambientes hospitalares com um Griot formado na contação de histórias e, como conclusão, é feita uma avaliação individual, levando em conta todas as atividades realizadas pelo interessado.

Passadas as quatro fases, acontece uma celebração pelo esforço inicial dos interessados. “Por fim, temos o evento da formatura, um momento de festa e confraternização, que coroa o esforço inicial dos interessados e lhes abre uma nova e estimulante etapa: contar histórias nos hospitais e casas de idosos com o jaleco amarelo e o crachá, símbolos que identificam os Griots”, comenta o diretor geral da Associação Griots.

Finalizado todo o treinamento e com a aprovação do voluntário, a escolha dos lugares onde ocorrerão as atividades pelo novo membro é de escolha pessoal e sempre de acordo com as opções ofertadas pela ONG.

Voluntários da Associação Griots

De acordo com Marcos Baraldi, o perfil do voluntário integrante da associação é diversificado. “Nós temos perfis extremamente diversos no nosso grupo de voluntários. Há advogado, empregada doméstica, até uma sargento do exército, entre muitas outras profissões”, conta.

Além disso, o diretor geral explicou que muitos voluntários ingressantes na associação e que hoje desenvolvem as atividades contavam histórias só para os filhos, netos e pessoas próximas do círculo de convívio. “Não temos voluntários que tinham experiências profissionais prévias na área. São pessoas que contaram histórias para os filhos, ou contam para os netos, mas sempre de modo informal”, explica Marcos.

O diretor ainda diz que, para muitos Griots, a vontade de contar histórias nos hospitais e lares de repouso vem do gosto pela leitura. “A maioria dos interessados vem com um gosto pela leitura”, conta o entrevistado.

Os coletes amarelos

Dentre todos os objetos que um Griot vai precisar para contar sua história, o uso do coleto amarelo – uma espécie de marca do grupo – é indispensável. “O jaleco amarelo paramentado com os enfeites/fantoches e os livros que carregamos são fundamentais para a interação com as crianças/idosos, pois além de chamar a atenção são utilizados como introdução para o início de uma história”, comenta Marcos Baraldi.

(foto associaçãogriots divulgação)

Os objetos não necessariamente serão usados no decorrer da contação da história, porém, são materiais indissociáveis dos Griots. Além disso, os livros são primordiais para o momento da leitura com pacientes ou idosos. Os Griots podem contar histórias de gêneros diversos, como fábulas ou clássicos, e até histórias inventadas pelos pacientes. “Não trabalhamos com histórias que possam envolver assuntos políticos nem religiosos, nem histórias tristes”, diz Marcos.

Os voluntários se preparam antecipadamente para o momento de leitura. Eles procuram conhecer a história que vão contar e, dessa forma, levam alegria e bem-estar aos envolvidos na prática da leitura. Outra preocupação da Associação Griots é ofertar aos pacientes – crianças em processo de tratamento – histórias que elas gostariam de ouvir. “Saber escolher a história compatível com a idade dos assistidos é um desafio constante. A gente conversa com a criança para saber que tipo de histórias ela gosta de ouvir; tem histórias que as crianças escrevem e depois a gente faz a leitura”, explica o diretor, mencionando o fato de que histórias escritas por crianças do HC da Unicamp, já foram contadas no Lar dos Velhinhos, casa de repouso localizada em Campinas.

Durante o ato de contar a história, os Griots podem estabelecer interação com as crianças ou idosos ouvintes. Inclusive, Marcos explica que os idosos, as crianças e seus familiares ajudam a contar a história ao interagirem com os Griots e o livro usado. É um momento de troca e de humanização de um ambiente que pode ser desanimador para uma criança ou para os idosos.

Dificuldades enfrentadas

Com relação aos desafios que a Associação Griots – Os Contadores de Histórias enfrenta, a mais pontual é devido aos recursos financeiros arrecadados por meio de dois caminhos. “Esse apoio normalmente se dá de duas formas principais: pela Lei Rouanet, (destinação de Imposto de Renda) e ProAc, no estado de São Paulo, (destinação de ICMS)”, explica Marcos Baraldi.

(foto ilustrativa – public domani)

Com a redução de investimentos pelas empresas em projetos sociais, como o da Associação Griot, o projeto é diretamente afetado, precisando contar, atualmente, com auxílio de patrocínios para a manutenção das atividades. “Por ora, não há planos de chegar a novas localidades, justamente pela limitação de recursos. Se tivéssemos mais recursos, poderíamos ampliar nosso alcance”, conta o entrevistado.

Com possíveis ajustes na Lei Rouanet, por meio do governo federal, a associação estima ser beneficiada, visto que se trata de uma associação de atuação gratuita e de incentivo à leitura. “O novo governo federal tem divulgado que pretende fazer mudanças na Lei Rouanet, priorizando projetos de caráter social e de formação, e buscando fazer com que os recursos sejam menos concentrados em grandes proponentes. Então, se houver alterações nesse sentido, serão benéficas para as associações como os Griots”, explica o fundador da direção de cultura e consultor da Associação Griots para o uso das leis de incentivo, captação de recursos junto aos patrocinadores e processos de prestação de contas, Antoine Kolokathis.

Apesar dos empecilhos, ainda será possível ver nos hospitais e no Lar de Velhinhos de Campinas voluntários vestindo seus coletes amarelos, em busca de outro momento para contar histórias e ouvir tantas outras. “Um Contador Histórias também é um Escutador de Histórias”, diz Marcos Baraldi.

Para conhecer mais sobre a Associação Griots: http://www.griots.org.br/index.php

Empresas e pessoas físicas interessadas em contribuir com a manutenção e expansão das atividades da Associação Griots – Os Contadores de Histórias através das leis de incentivo podem entrar com contato pelo telefone (19) 3202.5400 ou pelo e-mail relacionamento@direcaocultura.com.br.

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