(foto mabel amber cc)

.Por Eduardo de Paula Barreto.

Se o meu amor pela macieira
For maior do que o meu apego
Quando meus pés pedirem poeira
A amarei com um aceno
E a deixarei no colo
Daquele mesmo solo
Onde deitei-me à sombra
Para sentir escarlates maçãs
Me beijando a cada manhã
Com os lábios da doce polpa.
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Sentirei saudade no entanto
Não verterei no fértil chão
O sal do meu triste pranto
Que o transformaria em torrão
Mas levarei no meu alforje
Uma maçã como se fosse
O alimento da esperança
De que ao chegar ao destino
Comerei o fruto como estímulo
Para futuras andanças.
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Deixei a macieira em seu lugar
E trouxe comigo uma maçã somente
Então as lembranças decidi plantar
Lembranças em forma de sementes
Que como macieiras brotaram
E outras vidas adoçaram
Formando o mais lindo arvoredo
E do alto da cordilheira
Vi a velha e distante macieira
Grata pelo meu desapego.
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