Arquitetas e arquitetos em defesa da paz e da democracia no Brasil

(desenho de oscar niemeyer)

“Diante do momento político acirrado pelo que passamos – exaltando os ânimos entre amigos, famílias, colegas de trabalho e desconhecidos, o SASP vem a público reafirmar a sua posição em defesa da paz e da democracia.

A Arquitetura tem por premissa a necessidade humana do viver e construir coletivamente – ela é a expressão da verdadeira alma das sociedades – e se fundamenta pela estrutura de poder das suas diversas épocas. Para que a Arquitetura possa se realizar, devemos manter como princípio a proteção irrestrita de todos os seres vivos e do planeta que nos acolheu, daí a relevância de uma tomada de consciência para o exercício dessa profissão.

O arquiteto e urbanista, atendendo rico ou pobre, preto ou branco, heteros ou LGBTTs, essa ou aquela igreja, dentre outros, não tem outro papel senão o de colaborar com a qualidade de vida de todos e para o desenvolvimento de suas técnicas. Não existe literatura na Arquitetura que diga que esse ou aquele não merece ter um lugar digno para viver.

É por esses caminhos, por vezes estreitos, que a Arquitetura e os Arquitetos sobrevivem. É por esses princípios que criam também, dentro do seu campo de atuação, organizações que se mantêm firmes no desejo civilizatório, como Sindicatos, Institutos, Associações, Conselhos, Ministérios e muito mais.

Dito isso, cumpre o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo, criado em 1971 em defesa da democracia e da paz, reafirmar os propósitos que lhes deram origem e permanência até os dias atuais.

Nascemos em plena ditadura militar e a favor de um governo democrático, eleito pelo povo e para o povo.

Temos aglutinado, a quase 50 anos, profissionais que se dedicam a enfrentar qualquer tipo de opressão ou censura, em defesa das liberdades individuais, profissionais e coletivas.

Passamos pela ditadura e participamos ativamente do processo de redemocratização do país, vindo a conquistar, na Constituinte, importantes artigos para o planejamento urbano e a política habitacional brasileira.

Defendemos o meio ambiente, o patrimônio cultural, o desenvolvimento tecnológico e o direito à cidade como bases para uma sociedade mais consciente, justa e solidária.

Defendemos as instituições democráticas e a soberania nacional, irrestritamente.

Vamos defender e proteger a justiça eleitoral brasileira para que o 2º turno das eleições ocorram tranquilamente, vencendo mais uma etapa de quatro dentro dos quase 500 anos de nossa história pouco democrática. Reconhecemos o voto direto como a melhor alternativa para o país.

O acirramento político não fará a Arquitetura e os Arquitetos se desviarem de sua essência mais humana. Independente dos resultados, continuaremos a favor de um projeto de nação livre e soberana, onde seu povo possa se sentir livre pra pensar, trabalhar e construir sua vida. No mesmo passo, seremos contundentemente contra o retorno de um dos tempos mais sombrios de nossa história: a ditadura.

Passando o domingo de eleições, vamos continuar nossa jornada de união dos arquitetos e urbanistas e da sociedade em defesa dos princípios democráticos e da paz, construindo arquiteturas e cidades que sejam voltadas para a proteção da vida e da dignidade humana.”

Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo.
26 de outubro de 2018.