O Brasil tem alguns casos de falsos atentados ou de conspiração para se obter ganho político. Isso não é tão incomum como se pensa. Um vereador de Atibaia foi condenado em 2012 por forjar seu próprio atentado. A imprensa brasileira, uma das piores do mundo, tomou como verdade o suposto atentado a faca contra Bolsonaro, sem ter certeza absoluta e sem investigar, apesar das inúmeras evidências que indicavam a necessidade de uma investigação profunda.
Veja abaixo quatro casos bem famosos. Em todos eles, jornais e TVs noticiaram amplamente como verdadeiros. Coincidentemente todos foram forjados por candidatos da direita.
1) o falso atentado a Carlos Lacerda (diretista que atacava de forma violenta o ex-presidente Getúlio Vargas;
2) o Caso Rio Centro, durante a Ditadura Militar, quando dois militares tentaram explodir uma bomba em um show de música para acusar a esquerda, mas a bomba explodiu antes, quando os militares preparavam o atentado;
3) falso sequestro de Abílio Diniz por militantes petistas. Na época, véspera de eleição em 89, a mídia associou os sequestradores ao PT e só foi desmentido após as eleições.
4) o famoso caso da Bolinha de Papel, que envolveu o ex-candidato a presidente do PSDB, José Serra, em 2010.
O falso atentado de Lacerda
Vários jornalistas e historiadores já escreveram sobre o atentado ao Carlos Lacerda na rua Toneleros, 180, Copacabana, edifício Albervânia, aos 45 minutos do dia 5 de agosto de l954. Lira Neto, Leandro Melito, Palmério Dória, entre outros.
Em síntese, fica quase claro nos depoimentos que Carlos Lacerda não levou tiro algum. Não há exame de corpo de delito do Hospital Miguel Couto, não há raios-x provando isso, nem foi exibido o revólver que Lacerda teria disparado tiros para se defender do pistoleiro.
O desaparecimento do prontuário do hospital, que poderia atestar se o jornalista teria ou não sido realmente ferido no pé, só complicou ainda mais o esclarecimento do caso. E também as seguidas versões dadas a ele, em várias épocas, narrando o episódio de diversas maneiras. E revelam que não houve atentado ao jornalista Carlos Lacerda. O major Vaz foi morto por tentar, na ocasião, dar uma gravata no pescoço de Alcino do Nascimento, o suposto pistoleiro. (Do DCM, saiba mais)
O Caso Rio Centro
Morre o sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário e fica gravemente ferido o capitão Wilson Dias Machado na explosão de uma bomba no estacionamento do Riocentro, no Rio de Janeiro. O explosivo era manuseado pelo suboficial dentro de um carro. Os dois militares eram agentes do DOI-Codi do 1° Exército e planejavam detonar o artefato no auditório do pavilhão, no qual 20 mil pessoas assistiam ao show comemorativo do 1° de Maio. O objetivo era criar pânico na plateia e responsabilizar um grupo de esquerda pelo atentado. A explosão acidental da bomba frustrou o plano terrorista e abriu a mais grave crise política do governo do general presidente João Baptista Figueiredo.
A participação de militares num plano criminoso, que poderia ter feito um número incalculável de vítimas, chocou a sociedade. Em vez de investigar e punir os responsáveis, o governo da “abertura” ajudou o comando do 1° Exército a acobertá-los, por meio de um inquérito fraudulento.
A bomba explodiu por volta das 21h20. O barulho não foi percebido pelo público dentro do auditório, onde se apresentava a cantora Elba Ramalho. Minutos depois, uma segunda bomba explodiria na casa de força do Riocentro, mas não foi suficiente para cortar a energia. Ao final do show, o cantor Gonzaguinha informou à plateia: “Pessoas contra a democracia jogaram bombas lá fora para nos amedrontar”. (Do Memorial da Democraica, veja mais)
O caso Abílio Diniz
A cobertura da mídia sobre o sequestro do empresário Abílio Diniz, executivo do grupo Pão de Açúcar, em 1989, foi decisiva para o resultado do segundo turno das eleições, em que concorriam Fernando Collor de Mello (PRN) e Luís Inácio Lula da Silva (PT). A conclusão é da professora de comunicação Diana Paula de Souza que realizou a pesquisa “Jornalismo e narrativa: uma análise discursiva da construção de personagens jornalísticos no sequestro de Abíolio Diniz e suas repercussões políticas”.
Jornais da época suscitavam envolvimento do PT na ação, usando fontes da polícia. Após a vitória de Collor, as acusações foram desmentidas. O estudo analisou os jornais O Globo, Jornal do Brasil (JB) e Folha de S. Paulo, de 17 a 20 de dezembro de 1989. (Veja mais)
O caso da Bolinha de Papel
Na terça-feira houve a primeira exibição, em São Paulo, do documentário “O Mercado de Notícias”, do cineasta gaúcho Jorge Furtado. Ele entrelaça uma peça do século 17, que já abordava o papel da mídia, com depoimentos de jornalistas.
A parte mais interessante do documentário é a reconstituição do episódio da bolinha de papel que atingiu o candidato José Serra na campanha de 2010.
Uma cena rápida da reportagem da TV Bandeirantes mostra um braço negro, com uma camisa azul, atirando a bolinha de papel. Ao lado, uma pessoa corpulenta com camisa vinho. Não se vêem seus rostos.
Outras cenas gravadas mostram um sujeito negro de óculos escuros e camisa azul, e outro branco, corpulento, de camisa vinho, no mesmo local, pouco antes do arremesso da bolinha. Ambos próximos a Serra, e atuando na sua segurança.
Não é mencionado no documentário, mas provavelmente trata-se de um trabalho de 2010 (http://glurl.co/dG0) de autoria de Sérgio Antiqueira, que recebeu apenas 1.639 visualizações no Youtube.
Com essas revelações, fecha-se o ciclo de uma das maiores tentativas de fraude eleitoral da história política recente do país.
O primeiro passo foi a escolha do local, uma região francamente hostil da cidade. (Do GGN, veja mais)
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