Muitos estão preocupados com a capacidade do ex-presidente Lula de transferir votos para o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Mas pode ocorrer um outro movimento de migração de votos ainda no primeiro turno que pode impactar as eleições: a migração dos votos de Jair Bolsonaro (PSL) para outros candidatos.

A expectativa é que Bolsonaro tenha chegado no seu teto de intenção de votos, cerca de 20%. Vai chegar uma hora em que a ficha vai cair para mães e pais de família.

Eles vão refletir sobre esse discurso de ódio e de liberdade total de armas. Nenhum pai vai querer pensar em buscar seu filho no necrotério ou na delegacia como um assassino. Afinal, essa é a proposta de sociedade que Bolsonaro vende como ideal. Não é razoável que se sustente.

A rejeição de Bolsonaro já está nas alturas. Pesquisas já apontam 61% de rejeição. Essa rejeição deve se transformar em perda de votos ou voto útil para outros candidatos. Bolsonaro tende a derreter na reta final. O candidato pode perder com certa tranquilidade 15% dos seus votos e ficar apenas com os votos da turba mais radical da extrema-direita.

A questão é saber: quem vai herdar os votos de um possível derretimento da candidatura Bolsonaro?

É possível que uma parte migre para Geraldo Alckmin (PSDB) e é isso que tem apostado sua campanha. Mas parece que não é bem assim.

O voto de Bolsonaro é um voto anti-pt e também anti-psdb, ou seja, é um falso voto anti-política, visto que Bolsonaro é o verdadeiro político profissional.

É possível que Ciro Gomes (PDT), que se configura como uma novidade na eleição consiga boa parte dos votos. Marina Silva (Rede) também pode se beneficiar.  E uma parte seja distribuída para outros candidatos. (Susiana Drapeau)