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Propostas econômicas de Ciro e Haddad falham em alcançar o eleitor de Bolsonaro

Há um erro estratégico ou uma grave omissão nas campanhas políticas dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT). E esse erro pode estar mantendo o candidato Jair Bolsonaro (PSL) com cerca de 25% das intenções de voto, mesmo com a mais alta rejeição.

O erro de Ciro e Haddad é o erro de quem combate Bolsonaro: miraram no deputado de extrema-direita quando deveriam perseguir o eleitor dele. É preciso fugir de Bolsonaro e encontrar o eleitor.

Atacar Bolsonaro, seja em propaganda como tenta Geraldo Alckmin (PSDB), ou seja na militância dos candidatos Ciro e Haddad, de nada mudou no cenários eleitoral. Bolsonaro continua surfando.

As principais propostas econômicas, tanto de Ciro Gomes quanto de Haddad, não atingem o núcleo duro do eleitor de Bolsonaro. É preciso entender esse eleitor.

Ciro Gomes propôs tirar o nome do SPC da população. É uma ótima proposta, mas não atinge o núcleo do Bolsonaro. Fernando Haddad propôs isentar do imposto de renda quem ganha até 5 salários mínimos. Apesar de ser boa proposta, também não tem efeito qualquer sobre o eleitor de Bolsonaro.

E quem é o eleitor de Bolsonaro?

Veja que interessante:
– são “apartidários”, mas de direita.
– não gostam e não confiam em partidos políticos
– são homens em idade ativa, com ensino médio e superior, e com renda entre 5 e 10 salários mínimo. Ou seja, o sujeito que ganha entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.

Além dessas informações que estão fartamente divulgadas, há outras que podem traçar melhor o perfil deste eleitor. O mais importante não é a sua classe social, mas a sua condição social.

Vamos tentar criar esse eleitor hipotético padrão. São pessoas autônomas (por exemplo, taxistas, motorista, caminhoneiro, mas principalmente aquele vendedor que visita o comércio, a farmacia, o pequeno comerciante, o profissional liberal etc).  O que eles têm em comum é que não têm as garantias da CLT e muitas vezes vêem isso como um privilégio e uma mordomia do trabalhador.

Tirando os mais ricos, os eleitores de Bolsonaro trabalham muito, ralam o dia todo, não tem tempo para ler, não gostam de ler, mas de trabalhar e sustentar a família, levantam cedo, e acham que o sujeito que trabalha 8 horas com férias e 13º é um vagabundo comparado a ele. Por isso é de direita, contra cotas, contra garantias sociais. Na verdade, ele se sente prejudicado pelos empregados com carteira de trabalho.

Veja, essa é uma generalização de um eleitor médio, padrão. Para ter um rendimento de R$ 5 mil a R$ 10 mil precisa às vezes sonegar impostos ou trabalhar para quem sonega impostos. Ele está aprisionado nesta ilegalidade e se safando da boca grande do fisco. Ele tem certeza absoluta que é isso que precisa fazer para sobreviver e sustentar sua família. Apesar de ser um trabalhador, vê sua identificação com os grandes empresários que sonegam bilhões de reais.

Com até 10 salários mínimos de renda, ele tem uma razoável condição de vida em relação ao resto da população e não se sente representado por ninguém. Talvez por aqueles que atacam os políticos, que atacam o Estado e seus fiscais. Ele, por exemplo, tem casa, carro, mas nunca declarou imposto de renda. E vai viver assim o resto da vida. O Estado é o fisco que perturba o inconsciente e o amedronta.

Agora, qual candidato ofereceu uma solução para esse eleitor? Quem vai tirar ele dessa situação?

Não adianta criticar Bolsonaro por ter ajudado a destruir os direitos trabalhistas. Isso não o afeta seu eleitor, não retira voto de Bolsonaro. Mostrar o horror do discurso de Bolsonaro também não funciona.

O que falta a Ciro e Haddad, ou qualquer outro concorrente de Bolsonaro, é uma proposta econômica que vai melhorar a vida dessas pessoas, uma proposta que vá incluí-los no plano de governo, que vá tirá-los dessa informalidade da sobrevivência.

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