No dia em que o PT deve fazer a substituição oficial de Lula por Fernando Haddad na disputa presidencial, o Ministério Público Federal e Estadual no Paraná, junto com a Polícia Federal e a Justiça estadual e federal, deram à imprensa uma outra pauta para ocupar o noticiário: a prisão do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).

O que a maior parte dos veículos da grande mídia tem esquecido de contar aos seus leitores é que a prisão de Richa, a menos de 1 mês da eleição, favorece um aliado de Rosângela Moro, esposa do juiz federal Sergio Moro: Flávio Arns, ex-presidente da Federação Nacional das APAEs, que tem como procuradora jurídica a primeira-dama da Lava Jato.

Richa e sua esposa, Fernanda, foram presos nesta terça (11), em Curitiba. A ordem, de acordo com o Estadão, partiu da Justiça estadual, não de Moro, na operação Patrulha do Campo.

Mas a Lava Jato sob Moro também colocou nas ruas uma mega operação, batizada de Operação Piloto, com cerca de 180 agentes cumprindo 36 ordens de prisão, busca e apreensão e outras diligências, contra aliados do ex-governador tucano.

Ou seja: a investida contra Richa ocorre, simultaneamente, em duas frentes.

Antes das 10h, o Estadão já havia publicado uma série de reportagens a respeito da Operação Piloto, incluindo trechos de delações premiadas e documentos utilizados para sustentar a tese de que houve um suposto esquema de corrupção no governo do Paraná e pagamento de propina por parte da Odebrecht, em 2014, por obra envolvendo a “duplicação, manutenção e operação da ordovia estadual PR-323”, uma PPP (parceria público-privada).

Desde a semana passada, Joaquim de Carvalho, no DCM, tem chamado atenção para a investida da Lava Jato contra Richa.

As pesquisas de opinião feitas nos últimos tempos vinham indicando que Richa tinha condições de ganhar uma das duas vagas ao Senado pelo Paraná. Ele aparece com 28% das intenções de voto, atrás apenas de Roberto Requião (PMDB), com 43%.

Com a candidatura de Richa atacada pelo Judiciário e MP, quem sai beneficiado na corrida pelo Senado é Flávio Arns, ex-vice-governador do Paraná que está filiado à Rede de Marina Silva, e tem 17% das intenções de voto.

A família Arns confere à advogada Rosângela Moro algumas parcerias profissionais. Ela é procuradora das APAEs (Associações de Pais e AMigos dos Excepcionais), “que têm na pessoa de Flávio Arns sua maior liderança”, segundo o DCM. Ele já foi presidente da instituição algumas vezes e, até o ano passado, era do conselho consultivo.

A relação de Rosângela, que ainda hoje é a procuradora jurídica da Federação das APAEs, com a família Arns não para por aí. Ela também integrou equipe do advogado Marlus Arns, sobrinho de Flávio. Marlus foi advogado de delatores na Lava Jato, que foram homologados por Sergio Moro, a despeito da relação com a esposa. (Do GGN)