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Banqueiro cria o Partido Novo com dinheiro que deveria pagar de imposto

O banqueiro João Amoêdo, ex-diretor do Banco BBA, sócio do banco Fináustria, e ex-diretor do Itaú, teve uma carreira brilhante. Mas claro que não era um pobre que nasceu e cresceu na favela.

É filho do médico radiologista paraense Armando Rocha Amoêdo e da administradora de empresas Maria Elisa Filgueira Barreto, do Rio Grande do Norte. Ou seja já nasceu dentro de uma cultura empresarial. Estudo no colégio Santo Inácio no Rio de Janeiro, cuja mensalidade em 2016 era de R$ 2.650,00.

Amoêdo é o Brasil em sua essência de desigualdade. Sucesso na carreira financeira, amealhou um patrimônio de R$ 425 milhões declarados à justiça eleitoral. Se não fizer mais nada no resto da vida, Amoêdo deve ver sua fortuna crescer cerca no mínimo 10% ao ano com aplicações e dividendos. Em dez anos ele terá perto R$ 1 bilhão.

Com tanto dinheiro e boas ideias, decidiu criar um partido político, o Partido Novo, com a velha ideia de que são os ricos que melhoram a vida dos pobres, desde que os ricos fiquem mais ricos. Amoêdo pegou cerca de 1% de sua riqueza (R$ 4,5 milhões) para criar um partido político. Um cafezinho no seu bolso. O valor é próximo do que ele acumula em um único mês do ano.

Fez isso talvez porque no Brasil os ricos praticamente não pagam impostos. Veja o caso das famílias que receberam R$ 9 bilhões da empresa sem pagar um tostão de imposto. Então, decidiu ‘doar’ essa pequena fortuna de R$ 4,5 milhões como uma benfeitoria social para a sociedade e, também para ele mesmo, visto que ele é o candidato do partido à Presidência da República.

Se no Brasil houvesse uma taxação de que tem patrimônio acima de R$ 50 milhões, talvez o banqueiro não criasse um partido vintage chamado de Novo.

Veja, são tributos acima de R$ 50 milhões! Ou seja, pessoas pobres perto de Amoêdo.  Um sujeito com patrimônio de R$ 50 milhões é alguém que possui somente isso: 10 apartamentos de R$ 500 mil cada, 5 casas de R$ 1 milhão cada, uma indústria de R$ 5 milhões, uma rede de loja de R$ 3 milhões, uma pequena corretora de R$ 2 milhões, e mais uns R$ 30 milhões em aplicações rendendo no mínimo R$ 150 mil por mês. Esse pobretão poderia pagar 0,25% sobre o patrimônio. Já no caso de Amoêdo, acima de R$ 400 milhões, poderia ser 2% de tributos.

Se assim fosse, Amoêdo ficaria só R$ 40 milhões mais rico a cada ano, mas pagaria um imposto de R$ 8 milhões todos os anos.

Mas Brasil não poderá resolver muitos dos seus problemas sem cobrar dos mais ricos. Se os muito ricos não pagam impostos, eles não se importam com os privilégios bancados pelo Estado para militares, desembargadores e deputados.

Então Amoêdo poderia investir os R$ 4,5 milhões  que injetou no Partido ‘Novo’ para bancar estudos que mostrassem e combatessem os privilégios do Brasil, principalmente de pensões e auxílios de políticos, militares e juízes acima do teto constitucional. Os recursos arrecadados dos setores privilegiados seriam bem maiores do que um imposto sobre patrimônio dos bilionários. (Por Susiana Drapeau)

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