A desigualdade social e econômica produziu no Rio de Janeiro não só o tráfico de drogas como as milícias paramilitares.

Num país em que juízes recebem salários acima de R$ 100 mil e auxílio-moradia de quase R$ 5 mil, a população não tem se quer rede de esgoto.

É nesse ambiente que o Tribunal de Justiça do Rio decidiu manter presos nada menos que um batalhão de 159 possíveis milicianos, detidos em uma operação da Polícia Civil contra a milícia Liga da Justiça no último sábado (7). A decisão foi tomada depois de uma audiência de custódia que durou cerca de 15 horas.

Veja mais:

Exército ocupa favela mais uma vez para manter sob controle a desigualdade social do Brasil

Desigualdade social faz Brasil ter 10 vezes mais adolescentes grávidas, alerta ONU

A desigualdade social é um projeto de poder mantido pelo Estado brasileiro

Brasil da desigualdade social e econômica já possui um exército de 430 mil vigilantes

De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, os 159 ficarão presos preventivamente no Complexo de Gericinó (Bangu), na zona oeste da capital. A audiência foi feita por meio de videoconferência, em que a juíza permaneceu no Fórum Central e os presos, em Bangu.

Os presos foram apresentados à Justiça em grupos de 20 pessoas de cada vez. A audiência de custódia é o instrumento processual que determina que todo preso em flagrante seja levado à presença da autoridade judicial para que avalie a legalidade e necessidade de manutenção da prisão.

Os presos estavam em uma festa promovida pela milícia Liga da Justiça, que controla comunidades da zona oeste e da Baixada Fluminense. Durante a prisão, houve troca de tiros entre os seguranças do grupo criminoso e os policiais civis. O principal alvo da operação, Wellington da Silva Braga, o Ecko, suspeito de chefiar a quadrilha, conseguiu escapar durante o tiroteio.

Parentes de vários presos dizem que eles não pertencem à milícia e que foram presos injustamente, já que a festa, que incluía shows das bandas Swing & Simpatia e Pique Novo, era aberta ao público, mediante o pagamento de um ingresso de R$ 10.

De acordo com a Polícia Civil, o sítio em que foi realizada a festa é um local notoriamente dominado pela milícia, a festa era uma celebração ao grupo criminoso e havia segurança feita por homens de fuzil, por isso “todos os frequentadores do evento tinham plena consciência dessa ação delituosa”. (Agência Brasil; edição Carta Campinas)