As manifestações foram organizadas pelo movimento intitulado “March for Our Lives” (Marcha por Nossas Vidas), que cobra mudanças na legislação para banir armas de assalto, como rifles, e instituir um controle mais estrito também na posse de armas.
“Hoje é o começo de um novo e brilhante futuro para o nosso país. Viemos para as ruas para exigir leis de controle de armas e bom senso. Nós somos a mudança”, disse Cameron Kasky, uma das sobreviventes do ataque, diante de uma multidão em Washington.
O movimento nasceu a partir do tiroteio que matou 17 pessoas e deixou 20 feridos em uma escola na cidade de Parkland, no estado da Flórida, sudoeste do país, em fevereiro. O massacre foi cometido por um jovem que utilizou um rifle semiautomático AR-15.
O ato principal ocorreu na capital dos Estados Unidos, Washington. Os organizadores não confirmaram o público estimado, mas indicaram a presença de centenas de milhares de pessoas. O número de cidades também não foi totalizado, mas a expectativa era da realização em centenas de municípios, seja nos Estados Unidos (como em Nova Iorque, Los Angeles e Austin) ou em capitais de outros países (como Paris, Buenos Aires, Mumbai e Tóquio.
Nos discursos, organizadores defenderam como solução o registro para votação em massa dos estudantes, o boicote a candidatos contrários ao controle de armas, em especial aqueles financiados pela Associação Nacional de Rifles, a ampliação da idade mínima exigida para compra de armas para 21 anos, entre outras medidas.
Discursos
Aaalayah Eastmond, estudante e sobrevivente do massacre de Parkland, denunciou a ausência de providências desde o tiroteio. “Nada mudou e precisamos de mudança agora. Isso não pode acontecer de novo. E vai acontecer novamente até termos mudança. Não só nas escolas, mas em comunidades urbanas também, que já vêm sofrendo com isso antes do episódio”, disse.
Samantha Fuentes, também estudante de Parkland, fez um discurso emocionado lembrando amigos mortos no massacre. “Não estou aqui por mim, mas por vocês, para que não tenham medo de serem mortos na sua sala ou ver seu melhor amigo morrer ao seu lado”, afirmou.
Ryan Deitsch, também estudante da cidade, criticou a proposta do presidente Donald Trump de combater crimes como o da cidade armando professores. “Temos de armar nossos professores com canetas, folhas e dinheiro para sustentar a eles mesmos e suas famílias, de modo a garantir apoio a nosso futuro. Temos de armar nossos estudantes com conhecimento para sobreviver à vida real”, defendeu.
Alunos de escolas de outras cidades também discursaram. Christopher Underwood, de Nova York, relatou mortes de amigos em sua escola. “Transformei minha dor em ação. Não gostaria de pensar em morrer, mas jogar basquete com meus amigos. Dedicou o discurso a Martin Luther King [líder do movimento negro americano, assassinado em 1968], que foi uma vítima da violência por armas. Nossas vidas importam”, acrescentou.
Em meio a menções repetidas a Martin Luther King, a neta do ativista, Yolanda Renee King, de nove anos, também subiu ao palco do ato para dar seu recado. Em referência ao histórico discurso do avô “Eu tenho um sonho”, ela disse: “Eu tenho um sonho, e ele é chega é chega”. (Agência Brasil)