.Por Regis Mesquita.
A primeira ministra da Nova Zelândia vai dar a luz e se dedicar exclusivamente a cuidar do seu filho por algum tempo.
Jacinda Ardern, é o nome dela. Ela mora com o jornalista Clarke Gayford. Ele vai cuidar da criança quando a mãe voltar ao cargo de primeira ministra.
Sabe o que vai acontecer com o governo da Nova Zelândia neste período? Nada. Absolutamente nada. Vai continuar tudo como sempre.
Existem vários casos de homens primeiros ministros que tiveram problemas de saúde e se afastaram por um período. Tudo continuou igual. Porque as pessoas ficam apreensivas quando o afastamento é motivado pela maternidade?
A mulher durante a campanha eleitoral
Os eleitos para cargos muito importantes geralmente são homens mais velhos. É comum a eleição de homens de mais de 60 ou 70 anos. Ninguém pergunta para eles o que acontecerá se tiverem sintomas de Alzheimer? Ou se tiverem um infarto, câncer ou forem submetidos a alguma cirurgia? Ninguém pergunta nada disso.
E se for uma mulher mais jovem?
Na campanha eleitoral da Nova Zelândia, os conservadores usaram o seguinte argumento para se oporem à eleição de Jacinda Ardern: ela vai querer ser mãe e o governo vai ficar paralisado. Na opinião deles, uma primeira ministra grávida (e depois com uma criança pequena) é prejudicial para todos. Seu trabalho seria comprometido por causa da gravidez e da criança.
Ou seja, os conservadores sempre destratam quem faz escolhas diferentes das deles.
Ela foi eleita, começou a governar e engravidou…
Novidade traz insegurança e flexibilidade
Uma mulher líder, que é chefe de uma nação. Ela tem filho e o pai cuida dele durante boa parte do dia. É uma família aonde a cooperação e o respeito mútuo é muito forte. O pai participa intensamente dos cuidados do filho porque o natural é todos colaborarem.
Quando o respeito mútuo é real, os papéis não são fixos. O que é fixo é o amor, a atenção e o carinho. Todas estas qualidades independem de ser homem ou mulher. Depende de haver humanos capazes de se unirem e se ajudarem.
Tanto a mulher quanto o homem deve lutar para atingir seus objetivos e desenvolver suas potencialidades. Esta luta torna diferente a vida de cada família; torna diferentes as necessidades específicas de cada casal.
Exemplo: uma mulher toca piano. Ela é uma pianista excepcional. É justo que ela não viaje para se apresentar em concertos? É justo que ela seja tolhida de desenvolver seu potencial e ter um trabalho digno?
Esta família terá que se adaptar às condições de vida desta pianista. Esposo, filhos, parentes, todos terão que se adaptar. Será mais tranquilo desenvolver a profissão e terem seus filhos se forem unidos e colaborativos.
A paz será maior se houver respeito, boa vontade e capacidade de todos os membros da família de se ajudarem mutuamente.
O mesmo acontece dentro de uma empresa, dentro de um governo, dentro de qualquer grupo. A certeza de que existe colaboração e boa vontade é a melhor forma de diminuir o stress em qualquer ambiente.
Tanto a Jacinda, quanto seu companheiro Clarke, terão dupla jornada. Trabalho profissional e trabalho em casa. O que poucos dizem é que terão triplo prazer. Prazer no trabalho, prazer em uma família que se ajuda mutuamente (isto reforça o amor e o tesão) e todo o prazer que pulsa dentro da pessoa que interage com seus filhos.
A vida de profunda satisfação é construída através da colaboração, ajuda mútua e flexibilidade de papéis. A satisfação é multiplicada quando cada membro do casal incentiva e dá segurança para que o OUTRO realize seus objetivos.
Os dois grávidos da Nova Zelândia são uma família moderna exemplar.
Concluindo
O mundo se transforma através dos exemplos. Os bons exemplos são mais poderosos ainda. Eles são muito mais poderosos do que as palavras.
Eles inspiram muitas pessoas e mudam atitudes.
Uma mulher que tem cargos de alta responsabilidade pode ser mãe. E isto deve ser bem vindo. O companheiro(a) desta mulher (formalmente casado ou não) pode assumir papel intenso no cuidado da prole. Isto é muito bem vindo. O trabalho, a empresa ou um país podem se adaptar. Será um desafio que tornará a sociedade mais colaborativa. Isto é muito bem vindo.
O medo não pode e não deve paralisar as pessoas. E a melhor forma de superar desafios é enfrentar a insegurança e criar uma sociedade, uma família, uma empresa que é capaz de ter colaboração e ajuda mútua.
Se você é mulher, tem sua profissão e acredita que não pode ter filhos – você está errada. Você pode! Você é capaz! Crie uma família colaborativa. Se você é homem, descubra o prazer de estar mais tempo próximo dos seus filhos. Multiplique seu prazer através do cuidar e do servir. Aprofunde o amor e terá muito mais motivação em sua vida.
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Autor: Regis Mesquita
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Regis Mesquita é o autor do Blog Psicologia Racional e da coluna “Comportamento Humano” aqui no site Carta Campinas