Nessa quinta-feira, 11, às 20h30, a cantora Lara Aufranc apresenta o álbum “Passagem” em apresentação gratuita e aberta ao público na Área de Convivência do Sesc Campinas.
Para a cantora e compositora, transformar-se é uma necessidade constante. Em 2013, quando Lara e os Ultraleves alçaram os primeiros voos, sua música transitava entre o soul e o blues. Dois anos depois, ao lançar o álbum autoral de estreia “Em Boa Hora”, mostrou originalidade com um repertório poético ora retrô, ora contemporâneo. Hoje, a compositora “encara o próprio sobrenome” (Trabalho Sujo) e lança o seu trabalho mais autoral, livre da persona Lara e os Ultraleves.
Passagem (2017, Matraca Records / YB Music) é um disco corajoso e mutante, em que a artista fala abertamente de si e do mundo, que observa com atenção. Passagem é fruto do descobrimento de seu lugar no mundo como mulher musicista. Repleto de elementos do rock e da MPB, mistura pop contemporâneo e desconstrói ritmos nacionais como o baião e o samba. O disco explicita a miscigenação da música brasileira atual através de uma sonoridade sólida e libertária, aliada a letras que tratam de questões como a superpopulação das metrópoles, as relações líquidas, o posicionamento feminino e o cotidiano – que tanto pode enclausurar como romper-se em libertação.
Abrindo o disco, “Muito Mais” começa com uma auto-reflexão: Tinha uma pedra no meu caminho/ E quando eu vi era eu/ Que não sabia que tinha que caminhar. Entre guitarras e sintetizadores, a faixa poderia ter sido feita por uma Rita Lee recém saída de seu bando mutante. Ainda na pegada ruidosa e afirmativa, “Sangue Quente” surpreende com um desfecho poético e psicodélico. Já canções como “Tem Gente Demais”, a lírica “Ao Luar” e “Passagem” – faixa-título que ganhou videoclipe – são exemplos do que instiga a artista na urbanidade contemporânea: “Existe uma solidão no movimento circular e repetitivo das cidades, ao mesmo tempo em que estamos cercados de gente”, diz Lara.
Escura, experimental e intrigante, “Trovoada” parece vinda de um filme do cineasta Tim Burton. Já o pop-rock bem resolvido “Amor Comum” fala sobre a natureza incerta do amor, suas dores e delícias. Seguindo no caminho sonoro solar, “Pelas Escolhas”, é uma canção sobre o significado e o custo dos caminhos. Feito um barco a vela Como um trem sem trilho Parte sem destino coração (Trovoada) “Duas Mulheres” e “Vem Rodar” soam como gritos feministas.
Juntas e separadas, são mulheres que compartilham o medo, o cansaço e o desejo de libertação de uma sociedade opressora. Por fim, a artista se debruça em raízes folclóricas de sua família argentina na canção “Llena de Agua”, que encerra o álbum com um canto de força e poder. (Carta Campinas com informações de divulgação)