Trabalhar com o improviso responde também a dois anseios da intérprete. No primeiro, reforça o apuro técnico da bailarina por meio de sua formação na Técnica Klauss Vianna que pesquisa a improvisação. No outro, reflete o momento atual da arte no Brasil em profundo caos. “A nossa cultura vive um momento de desmonte e turbulência. Tratar do improviso na cena traz a prontidão, a vivacidade e a oportunidade de lidar com essa realidade em desordem no presente da ação e aos olhos da plateia”, conta Cora.
Contemplado pelo edital Primeiras Obras de Espetáculo de Dança, do ProAC (Programa de Ação Cultural de São Paulo), Entre o Óbvio e o Nunca Visto foi dividido em seis trabalhos cênicos. A estreia de cada uma dessas partes acontecerá em Campinas, no Salão do Movimento, e, posteriormente, contemplará a plateia de espaços cênicos de outras cidades de São Paulo, entre as quais São José dos Campos, Sorocaba, Santos, Araraquara, São José dos Campos, Piracicaba e a Capital.
A fim de dialogar com Cora em cada uma das partes, seis bailarinos foram convidados à cena. Além de Clara Rodriguez, os intérpretes Bárbara Elias, Gabriela Branco, Isadora Massoni, Jun Hosotani e Maíra Alves. Na mesma sintonia, a provocação inicial dos trabalhos cênicos tem a assinatura da coreógrafa Jussara Miller. “Por conhecer a identidade de cada artista, inclusive a minha, ela nos ajudou no trabalho de desapego dos movimentos pré-definidos, possibilitando em cada ensaio a construção de uma nova sintonia proposta pelo jogo entre os intérpretes”.
No projeto, não são apenas os bailarinos que têm o direito à improvisação. A iluminadora Wanessa Di Guimarães e o artista Christian Laszlo, responsável pela trilha sonora executada ao vivo, também receberam aval para tal criação espontânea. “Apesar dos ensaios, não sabemos o que eles proporão para os dias de apresentação. O que sabemos é que haverá sim um grande diálogo entre a dança, a música, a luz e, claro, a plateia, que também será alvo dessa constante improvisação e vai nos inspirar na criação”, destaca Cora. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Graduada em dança pela Unicamp, a bailarina Cora Laszlo tem pós-graduação na Técnica Klauss Vianna pela PUC-SP. Há 16 anos apura seu conhecimento sobre a técnica no Salão do Movimento (Campinas/SP), onde atualmente é professora. A experiência da artista atravessa os processos de criação autoral (solos, duos e grupos) para alcançar trabalhos criados e dirigidos por outros artistas, como Jussara Miller, Angel Vianna e Morena Nascimento. Atualmente, encontra-se em momento de experimentação da pluralidade da dança, criando, circulando, pesquisando, sendo intérprete, preparadora corporal e professora de dança contemporânea.
Clara Rodriguez é bailarina e musicista (graduada em dança pela Unicamp e graduanda em música pela mesma instituição). Os estudos de dança iniciaram com o balé clássico, a dança contemporânea e nas manifestações culturais brasileiras, em Ilhabela (SP). Durante a graduação em dança, desenvolveu projetos autorais de criação em solos, duos e grupos e realizou uma pesquisa de Iniciação Científica (FAPESP) que resultou no vídeo-dança Te-Sendo e na performance Lamento. Como musicista, participa de grupos como sanfoneira ou percussionista.
Primeira parte do projeto Entre o Óbvio e o Nunca Visto
Quando: Sexta-feira (17/11), às 20h
Onde: Salão do Movimento (Rua Abílio Vilela Junqueira, 712, Guará/Barão Geraldo, em Campinas)
Quanto: Entrada gratuita
Informações: (19) 3287-8861