O golpe parlamentar de 2016, que teve o apoio de parte da população brasileira e tem destruído as finanças do país, chega agora ao maior projeto da ciência brasileira: o Laboratório Sirius, uma acelerador de partículas que está sendo construído em Campinas.

O Sirius vai fazer parte do complexo do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, da qual o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Sincrotron) faz parte.

Assim como a crise total nas universidades federais, nos órgãos de financiamento federal, como Capes e CNPq, o golpe parlamentar também deixou o CNPEM sem dinheiro suficiente para fechar o ano, a não ser que demita funcionários ou desligue suas máquinas.

Segundo informações de reportagem do Estadão, o centro tem recursos para mais dois meses de operação. Depois disso, se não houver uma liberação de recursos por parte do governo federal, o CNPEM terá de paralisar suas atividades.

“O orçamento aprovado no Congresso para o CNPEM este ano é de aproximadamente R$ 90 milhões, mas o centro só tem autorização para gastar R$ 54 milhões, em função do corte (contingenciamento) de 44% do imposto pelo governo federal ao orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). E desses R$ 54 milhões, o CNPEM só recebeu, até agora, R$ 15 milhões”, diz a reportagem.

Segundo Rogério Cezar de Cerqueira Leite, diretor, não há dinheiro suficiente para chegar até o fim do ano. Os recursos disponíveis, segundo ele, são suficientes para mais dois meses de salário dos seus quase 600 funcionários.

O custo do projeto é de R$ 1,8 bilhão, incluindo o prédio, o acelerador, a mão de obra e as 13 linhas de luz previstas para estarem funcionamento até 2020. Apenas para constar, um juiz no Brasil chega a receber cerca de R$ 500 mil em apenas um mês, inviabilizando qualquer projeto de país.

Desenvolvido nos governos Lula e Dilma, o Sirius foi projetado para ser uma das melhores fontes de luz síncrotron do mundo e 100% brasileiro. Cerca de 85% dos seus componentes produzidos e desenvolvidos totalmente no Brasil, por meio de encomendas tecnológicas feitas a pequenas, médias e grandes empresas nacionais.