EU ELAS, novo solo de Juliana Moraes, que estreou no Museu de Arte Moderna da USP, em São Paulo, em julho de 2016, usa gestos e posturas socialmente aceitos como femininas no Ocidente, especialmente a partir dos anos 50, para desconstruir e questionar esses comportamentos aprendidos. Movendo-se intensamente, mas permanecendo sentada por 30 minutos, a artista elabora uma dramaturgia consolidada sobre o acúmulo de gestos em diferentes partes do corpo, criando combinações precisas.
O solo desenvolve-se principalmente em silêncio, tendo o corpo como um marcador de pulso repetitivo e mecânico, quebrado por variações enérgicas sobre as ações que se misturam em aceleração extrema. Na segunda metade do solo, o silêncio é interrompido por uma única música de cinco minutos, especialmente composta por Laércio Resende, que entra e sai inesperadamente. No final, Juliana tira um saco plástico do bolso, usa-o para segurar a respiração e a fala, e então empurra-o todo dentro de sua boca, em uma clara crítica à quietude ainda imposta às mulheres.
O trabalho centra-se na identidade feminina construída em complexos processos de submissão e resistência. Tais processos são levados ao palco como regras auto-impostas que procuram desafiar a artista a lidar com sua própria submissão e resistência aos comportamentos que aprendeu desde a infância.
Mais informações podem ser vistas no evento criado no Facebook. (Carta Campinas com informações de divulgação)
Ficha técnica:
palestrante: Juliana Moraes
Tempo de duração: 1h
Distribuição de senhas: a partir das 17h30min