O Brasil está vivendo a maior crise econômica de sua história, segundo estudo realizado pelo Cecon (Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp) e publicado agora em maio de 2017.

O estudo, denominado, “Choque recessivo e a maior crise da história: A economia brasileira em marcha ré”, é de autoria dos economistas Pedro Rossi (foto) e Guilherme Mello.

De acordo com o estudo, a crise atual que provocou queda de 7% no PIB é a maior de todas, incluindo a crise de 1929, há quase 90 anos. Para os economistas, a Operação Lava Jato também contribuiu para a crise.

E com as medidas recessivas de longo prazo estabelecidas pelo governo do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), a crise deve ser também a mais longa da história e se prolongar até 2020.

O choque recessivo iniciado ainda no governo Dilma Rousseff (PT), em 2015 (durante a passagem de Joaquim Levy como ministro da Fazenda), lançou mão de um conjunto de políticas de austeridade econômica. “Esse choque recessivo foi composto de: i) um choque fiscal (com a queda das despesas públicas em termos reais), ii) um choque de preços administrados (em especial combustíveis e energia),  iii) um choque cambial (com desvalorização de 50% da moeda brasileira em relação ao dólar ao longo de 2015) e iv) um choque monetário, com o aumento da taxas de juros para operações de crédito”, anotam os economistas.

Para Rossi e Mello, o consumo das famílias, que foi símbolo do padrão de crescimento dos governos Lula, no qual o dinamismo do mercado interno tinha um importante papel indutor do investimento e do crescimento, foi abaixo com as políticas implantadas por Dilma. Um gráfico mostra a importância do consumo das famílias para o PIB, entre 2004 e 2010, quando cresceu em média 5,3% ao ano. No primeiro governo Dilma, anotam, o consumo das famílias cresce em média 3,5%, o que já mostra um claro movimento de desaceleração.

“Em 2016, com a mudança de governo, ocorre também uma mudança na estratégia econômica, que passa a privilegiar as reformas estruturais liberalizantes em detrimento do ajuste de curto prazo. As expectativas de retomada do crescimento com a adoção do ajuste recessivo e a implementação de reformas têm se provado frustradas, fazendo com que a economia brasileira ande por mais de dois anos em marcha à ré”, anotam em artigo no Brasil Debate. (Glauco Cortez)

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