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Lygia Clark e Hélio Oiticica estão em mostra sobre arte abstrata da América Latina

Rubens Teixeira Scavone

Em São Paulo – Até o dia 18 de junho de 2017, poderá ser vista na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp,uma das mostras mais abrangentes e representativas da arte abstrata da América Latina. A exposição “Construções Sensíveis: a experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros” traz 124 obras de 63 artistas, de sete países da América Latina. Montada pelos curadores Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez, da Arte A Produções, a partir da coleção Ella Fontanals-Cisneros, a mostra engloba desde pintura, desenho ou obras sobre papel, até esculturas, objetos, fotografias e vídeos.

“A exposição traz ao Brasil um recorte da abstração no nosso continente. Junto ao importante legado do concretismo e neoconcretismo brasileiros, são apresentadas as poéticas abstratas que prosperaram em outros países a partir dos anos de 1930”, explica Ania. Vários dos nomes representados na mostra têm reconhecimento internacional e muitos influenciaram e foram influenciados por latinoamericanos que encontraram em Paris ou Nova Iorque, pontos comuns de contato, intercâmbio e informação na época.

Essa rara oportunidade de conhecer num único evento, tantos e tão instigantes autores e obras só foi possível porque Ella Fontanals-Cisneros construiu, a partir de 1970, uma coleção de arte abstrata geométrica e concreta, que já reúne mais de 2,6 mil obras, produzidas entre 1920 e 1982.

Com a instalação, em 2002, da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals (CIFO, The Cisneros Fontanals Art Foundation) criaram-se condições para apoiar artistas latino-americanos tanto em suas produções, quanto na realização de exposições e promoção de arte e cultura.

A colecionadora, nascida em Cuba e criada na Venezuela, faz questão que o público tenha acesso ao que ela conseguiu reunir. “No meu caso, a motivação fundamental é aprender; a abstração me interessa e por isso continuo adquirindo obras, mas simultaneamente me agradam outras coisas e quero aprender mais sobre o conceitual”, comenta Ella Fontanals-Cisneros, que estará presente à abertura da exposição, na Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp, localizado em plena Avenida Paulista, em abril. E ali o público poderá apreciar o diálogo entre os artistas e grupos formados em países como Brasil, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Colômbia e México, potencializado pela exposição.

Desde a sua fundação, a CIFO já doou mais de um milhão de dólares para mais de 120 artistas da América Latina, para ajudar na criação e exibição de novos trabalhos. E organizou exibições da coleção de Ella Fontanals-Cisneros em várias instituições, de diversos países. Esse ambiente de estímulo aos criadores e apreço pela arte, desenvolvido pela presidente da Fundação de Arte Cisneros-Fontanals encontrou, nos curadores a parceria adequada para desenvolver o projeto da exposição brasileira. Mostras realizadas com sucesso — Los Carpinteros, Kandinsky, Carlos Garaicoa e Virada Russa, para citar algumas — e o grande conhecimento que Ania e Rodolfo têm do panorama artístico da América Latina foram fundamentais para estabelecer a afinidade, que resultou na concretização dessa exposição. Agora, a parceria com o SESI-SP possibilita que o público de todas as idades possa aproveitar essa oportunidade única, sem ter que pagar nada.

Ania destaca que Construções Sensíveis “é uma exposição pensada especialmente para o Brasil, e presta uma sutil homenagem à mostra Arte Agora III, América Latina: Geometria sensível, que em 1978 ocupou o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e fora destruída por conta de um trágico incêndio. Muitos dos artistas apresentados naquela histórica ocasião estão presentes aqui, como representação das tendências pioneiras na região, agora junto a artistas contemporâneos que apontam para os rumos da abstração hoje”.

Os abstratos brasileiros estão bem representados, com os Bichos e Tteia de Lygia Clark, o Metaesquema de Hélio Oiticica e as fotografias de Thomaz Farkas e Geraldo de Barros, dentre outras obras relevantes.

A história do abstrato na América Latina, com seus paradoxos e contradições, é suscetível a estereótipos e mal-entendidos, mas, ao mesmo tempo, carente de uma pesquisa mais extensa, que registre suas conquistas e alcance a partir de suas concepções particulares. A exposição Construções Sensíveis é um passo importante na abertura desses horizontes, ao colocar ao alcance dos brasileiros esse elenco impressionante de artistas, com entrada gratuita.

Abaixo, alguns dos autores com obras na exposição:

Argentina: Gyula Kosice, Enio Iommi, Gregorio Vardanega, Martha Boto e Julio Le Parc
Brasil: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel, Geraldo de Barros e Thomaz Farkas
Colômbia: Edgar Negret, Leo Matiz, Eduardo Ramírez Villamizar e Feliza Bursztyn
Cuba: Sandu Darie, Loló (Dolores) Soldevilla, José Mijares, Roberto Diago e Carmen Herrera
México: Mathias Goeritz e Gunther Gerzso
Uruguai: Joaquín Torres García, Héctor Ragni, Antonio Llorens, Maria Freire e Marco Maggi
Venezuela: Alejandro Otero, Jesús Rafael Soto, Elsa Gramcko, Gego e Magdalena Fernández
A curadora Ania Rodríguez considera que mesmo nos casos em que não existem vínculos históricos comprovados entre artistas de diferentes latitudes, “os nexos podem ser estabelecidos a partir de uma sensibilidade comum evidente, que filia as tendências derivadas do construtivismo como paradigma estético”.

Exposição Construções Sensíveis: A experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros
Período: de 6 de abril a 18 de junho de 2017
Horários: diariamente, das 10h às 20h (entrada permitida até 19h40)
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp | Avenida Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô) – São Paulo, SP
Curadoria: Rodolfo de Athayde e Ania Rodríguez |Arte A Produções
Realização: SESI-SP
Visitas educativas: agendamentos escolares e de grupos pelo telefone (55 11 3146-7439).
GRÁTIS. Mais informações pelo SITE

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