Por Verônica Lazzeroni Del Cet

Desenhar e escrever são atuações bem diferentes, mas a possibilidade em unir essas duas realizações acontece, basta conhecer o lettering. Sem tradução para o português (poderia ser algo como ‘letrismo’), a técnica de desenhar palavras ganha popularidade e adeptos.

Diferentemente da topografia, o processo do lettering consiste em uma combinação de formas desenhadas – as formas das letras – com um propósito. Relevante destacar também a necessidade de realizar o feito com canetas adequadas, como a brush pen, a qual auxilia no trabalho criativo e na caligrafia de quem faz o lettering.

A imaginação é atributo essencial para quem se arrisca com a atividade que invade redes sociais e conferem aos usuários da internet modos diversos de ler uma frase que acaba sendo muito mais do que somente palavras seguidas de outras.

Executar o lettering pode acontecer por influência, mas em alguns casos há a possibilidade de adentrar na prática a partir de uma oportunidade de trabalho, como no caso de Giulia Russon, decoradora que se apaixonou pelo lettering após atender ao pedido de refazer um quadro com uma frase para uma cliente.

“Fui atrás de alguém que praticasse a técnica para refazer o quadro. Nessa busca me apaixonei cada vez mais pelos trabalhos dos letristas. Depois de tanto admirar, resolvi tentar”, conta.

Além disso, há a chance de praticar o lettering devido à determinadas aulas do curso superior, como no caso de Yasmin Sandrini, que iniciou a prática quando estava ainda na faculdade de design e hoje reúne diversos trabalhos em uma conta pessoal no Instagram com mais de três mil seguidores.

“Tive uma aula de linguagem visual e a professora passou um trabalho para a gente, tínhamos que fazer 10 composições (um livrinho, para ser exata) de algum poema do Manoel de Barros. Escolhi “Os deslimites da palavra” e fiz o livrinho com as 10 composições. Fiz o poema com lettering”, conta Yasmin.

Com o lettering combinando formas, cores e letras, não se trata apenas de uma inovação artística, mas também a oportunidade de auto expressão, e para alguns o único e melhor meio em fazer isso. “É um dos melhores jeitos que consegui me expressar artisticamente, até porque gosto muito de misturar lettering com fotografia, compondo cenários que encaixam com a citações que escolho”, diz Yasmin.

Se o lettering consegue juntar de forma muito harmoniosa letras, cores e formas, pode também com citações famosas, construindo uma nova maneira de ler literatura. “Os artistas que divulgam seus trabalhos e citam a literatura – sendo estes a grande maioria -, levam até as pessoas a cultura literária sem que elas estejam buscando por isso”, diz Giulia.

Aliado a isso, Giulia ainda ressalta outro importante detalhe; o fato do lettering instigar usuários da internet – que apaixonados pela arte –, descobrem trechos de livros famosos e até canônicos a partir do processo do lettering.

A originalidade e vídeos tutorias na internet – que circulam aos montes – podem auxiliar a prática, mas outros itens são indispensáveis e ao mesmo tempo desafiadores. “Ter os materiais adequados foi um desafio. Até descobrir as fontes, foi uma longa jornada de papelaria em papelaria”, diz Giulia.

Já para Yasmin Sandrini a falta de tempo pode ser um desafio enorme caso não haja organização correta para o aprendizado e realização do processo. Aliado a isso é indispensável citar outra situação comum que pode atrapalhar no processo da atividade. “Não vale comparar os seus esboços com trabalhos de pessoas que praticam há muito tempo. Sem falar que na arte não existe regra de certo ou errado”, diz Giulia.

Seja direcionado ao trabalho e até mesmo sendo uma maneira de obter a renda mensal com o lettering, estas são as ideias que surgem como planos futuros de Giulia Russon e Yasmin Sandrini, adeptas da técnica e apaixonadas pelo processo que unido com a inovação, representam o moderno e especial toque decorativo ou literário atual.