Pesquisadores defendem economia da Amazônia baseada na Quarta Revolução Industrial

Para pesquisadores, a Amazônia necessita de um novo modelo de desenvolvimento econômico, fundamentado na combinação de tecnologias digitais e biológicas avançadas com os ativos biológicos do bioma.

Para Juan Carlos Castilla-Rubio, presidente do conselho da empresa de tecnologia Space Times Ventures, em vez de olhar só para os recursos naturais e para os serviços ecossistêmicos oferecidos pela Amazônia, é preciso focar nos ativos biológicos do bioma que representam uma grande oportunidade para o desenvolvimento de tecnologias avançadas integrantes da chamada Quarta Revolução Industrial.

O empreendedor é um dos autores de um artigo publicado em agosto na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), liderado por Carlos Afonso Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e membro da coordenação executiva do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

No artigo, os pesquisadores propõem um plano para mudar os paradigmas de desenvolvimento sustentável, transformando o bioma em um polo de inovação tecnológica em grande escala.

O novo paradigma consistiria em empregar tecnologias digitais e biológicas avançadas da chamada Quarta Revolução Industrial – como inteligência artificial, robótica, internet das coisas, genômica, edição genética, nanotecnologias, impressão 3D –, associando-as ao conhecimento tradicional da região, a fim de criar produtos e serviços inovadores de alto valor agregado.

“Na nossa visão, a combinação de tecnologias digitais e avançadas da Quarta Revolução Industrial com os ativos biológicos e biomiméticos [que imitam a natureza para criar produtos] poderia dar origem a uma economia talvez de vários trilhões de dólares na Amazônia, e não de dezenas de milhões de dólares que temos hoje na região, focada em recursos naturais”, estimou Castilla-Rubio.

Os autores do estudo ponderam, contudo, que os ativos biológicos encontrados na Amazônia só poderão contribuir para impulsionar a nova revolução industrial se a biodiversidade da floresta for protegida.

De acordo com dados apresentados por Nobre, o modelo de desenvolvimento implementado na Amazônia nos últimos 50 anos, calcado na substituição de áreas de floresta para produção agrícola, causou grandes transformações ambientais no bioma amazônico.

“A fronteira agrícola avançou muito rapidamente sobre a floresta, baseada em uma agricultura primitiva, além de insustentável e de baixa produtividade, caracterizada pelo uso do fogo, que é o principal agente de modificação do espaço amazônico e também de uma forma bastante rápida de extrair madeira, em grande parte ilegal”, afirmou Nobre. A temperatura na Amazônia aumentou 1,1º C nas últimas décadas.

Se a temperatura do bioma aumentar 4º C ou se o desmatamento passar de 40%, o bioma pode atingir um ponto de ruptura, resultando em um processo de savanização irreversível. “Estamos observando que a estação seca em parte da Amazônia – que dura entre três e quatro meses, no máximo – está ficando mais longa. Se isso se tornar uma tendência há o risco de a Amazônia savanizar”, avaliou Nobre. (Carta Campinas com informações de divulgação)

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