Enquanto nas 74 comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns, internet e telefone público são raridade, o governo Temer/PSDB deve conceder um presente de Natal para grandes empresas nacionais e multinacionais de R$ 100 bilhões de reais. Além disso, as empresas não terão mais a obrigação de colocar telefones públicos e investir em locais distantes e menores.

Na Reserva Resex, os 15 mil habitantes da localidade têm dificuldades de comunicação constantes e a melhor maneira de obter informação e transmitir recados é pelo rádio.

Junto das igrejas, as rádios comunitárias e algumas poucas estações comerciais são os principais meios para saber o que ocorre no país e para ajudar a mandar recados, reforçando a comunicação entre as comunidades.

“É importante porque, para nós, a comunidade fica um pouco isolada, distante de cidades maiores. Acho que isso é importante, estarmos sempre informando para que as pessoas fiquem cientes do que está acontecendo. Tanto aqui na nossa comunidade quanto fora do Brasil e do mundo”, diz Sivolnaldo Sousa, 43 anos, coordenador da Rádio Floresta, na comunidade São Pedro.

São Pedro é a maior comunidade do Arapiuns com 135 famílias. É também uma das cinco comunidades da Resex que têm acesso à internet por meio de telecentro. “Temos mais facilidade porque temos wifi e, com isso, levamos aos ouvintes o noticiário dos principais jornais”, afirma Sivolnaldo. Outro serviço da rádio é transmitir as partidas de futebol que ocorrem entre as comunidades.

A Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns é considerada uma unidade de conservação modelo na Amazônia. Localizada no estado do Pará, a unidade ocupa uma área de 677.513 hectares e foi criada em 6 de novembro de 1998 a partir da demanda das comunidades.

As dificuldades de comunicação dificultam a vida de quem mora na Resex. Ao chegar na comunidade de Surucuá, a reportagem da Agência Brasil encontrou um grupo de professores que esperava um barco para transportá-los de volta a suas comunidades. Eles haviam viajado mais de duas horas para ir a uma capacitação do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), mas o evento acabou sendo cancelado.

Na avaliação do analista ambiental Cleiton Signor, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a verdade é que não é prioridade. “As tecnologias existem, mas não há prioridade de política de governo de trazer tecnologia para cá”, diz.

Consultada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) explica que a implantação de telefones públicos, os orelhões, constitui uma das obrigações do Serviço Telefônico Fixo Comutado prestado pelo regime público.

Como não cumpriram a obrigação de forma eficiente, as empresas de telefonia vão receber R$ 100 Bilhões (R$ 100 bilhões!!) do governo Temer/PSDB. (Carta Campinas com informações da Agência Brasil)