Da própria estação, pegamos outro trem com uma hora de viagem até Pisa. Valor da passagem: 8,40 euros. É bem fácil de ir porque há trem a cada 15 minutos. Ida e volta saiu por 16,80 euros.
Mas antes precisamos deixar as malas no guarda-volumes da estação. Um serviço demorado e caro. Pegamos a fila e os caras cobram 6 euros por volume nas primeiras 5 horas. Depois, há um acréscimo de 90 centavos de euro por hora a mais. Deixamos duas malas e tomamos um “preju” de 14 euros. Só para se ter uma ideia, na Estação de Trem de Viena, na Áustria, o guarda-volumes é automático. Alugamos um médio por 2,5 euros e conseguimos colocar 3 malas pequenas.
Depois de dois trens seguidos, chegamos em Pisa verdes de fome. Esse é um problema para quem quer viajar barato. Não pode deixar a fome atingir um limite em que você não pensa mais direito e entra no primeiro lugar com comida que vê pela frente.
Foi mais ou menos isso que fizemos. Entramos em um Café (acho que era Café Gambinus) próxima da estação de Pisa. E era golpista. Você pensa que só tem golpista no Brasil? Os produtos não tinham preço, mas com a fome que estávamos comemos dois sanduíches frios e sem graça e uma coca-cola. Total 17 euros. O sujeito teve a pachorra de cobrar 5 euros por um refrigerante. Caímos na lanchonete para turista otário.
Apesar de moderninha por fora, o banheiro feminino da lanchonete era imundo. Claro, todo golpista é sujo. Aliás, essa é uma boa dica. Ao entrar em um lugar para comer, vá ao wc. Se for sujo, levante e vá embora.
De volta a Florença, fomos ao Hotel Grifone, que foi o melhor hotel da viagem e o único com café da manhã incluído na diária. O valor da diária saiu por R$ 220,00 (cerca de 55 euros). Isso já com o imposto de hotel 4 estrelas cobrado no check out.
Para quem tinha começado com um bangalô, o hotel arrasou. Cama box confortável, aliás uma das melhores camas de hotel que já vi na vida, quarto com ar condicionado e tudo que um bom hotel tem. O Café da manhã poderia ser melhor para os padrões brasileiros, visto que tem algumas coisas de máquina. Por exemplo, o café e o suco. Mas totalmente recomendável.
Outra vantagem de ficar afastado dos pontos centrais ou turísticos é poder conhecer outros locais da cidade e também pagar o preço que o morador paga e não o preço para turista. Com isso, conseguimos comer por R$ 8 euros por pessoa em restaurantes que ficavam no bairro do Hotel.
Como Veneza, em Florença basta andar a pé pelo centro. Um lugar para conhecer é o Palácio Pitti (11,50 euros), um palácio renascentista onde se pode passear por um belo jardim e ter uma vista ampla da cidade.
As igrejas são uma atração à parte em Florença. Uma das igrejas mais impressionantes da nossa viagem foi justamente a catedral de Florença. A Igreja Santa Maria del Fiore tem uma construção rebuscada gótica e renascentista e uma torre gigantesca. Tem lá a mão do arquiteto Filippo Brunelleschi, um dos mais requisitados do período.
A construção durou séculos. Começou em 1296 com projeto de Arnolfo di Cambio. Após a morte de Arnolfo, passou para Giotto di Bondone, depois por Francesco Talenti e teve sua cúpula construída por Filippo Brunelleschi. Só em 1436 foi finalizada a cúpula.
Em 1864, Emilio de Fabris fez a fachada atual, um grandioso trabalho de mosaico em mármores coloridos em estilo neogótico. Próximo à Igreja, há também o Batistério de São João, famoso pelas suas portas de bronze que trazem, em uma minuciosa riqueza de detalhes, 28 painéis quadrangulares, representando cenas da vida de São João Batista e as virtudes.
Em Florença, o turismo religioso é muito forte por causa das inúmeras igrejas e também das obras, afrescos e pinturas. As principais cobram ingresso para a parte interna, geralmente de 3 a 8 euros. Isso sem contar a fila que você pega para entrar. Então, é preciso escolher uma ou outra para ver.
A que escolhemos foi a igreja de Santa Maria Novella, que fica bem próxima da estação de trem da cidade e que traz, em toda extensão das três paredes do altar, afrescos pintados por Domenico Ghirlandaio. O afresco de Ghirlandaio é uma das mais importantes obras do renascimento florentino, impressiona pela riqueza de elementos, personagens e pela ousadia do artista que, já sinalizando qual seria o movimento do Renascimento, trouxe para o interior das cenas religiosas pintadas no afresco personagens pagãos, como a inquietante figura feminina que aparece em diversas cenas, com as vestes sempre em movimento, o andar apressado, em uma dança de diversos tempos.
Florença é antes de tudo uma cidade de arte e de artistas. Berço do Renascimento, a cidade possui incríveis galerias de arte e estão em Florença algumas das obras mais famosas e importantes da cultura ocidental.
Na Galeria de Uffizi (Galeria dos Ofícios), por exemplo, a pintura do teto é um espetáculo à parte que se soma às muitas esculturas, pinturas, vasos, relevos e sarcófagos gregos e romanos. Algumas das mais importantes obras do Renascimento estão ali, entre elas A Primavera (Allegoria della Primavera) e O Nascimento de Vénus (Nascita di Venere), de Botticelli. O ingresso para a Galeria é bem salgado, custa 23 euros. Dia de estourar orçamento.
Outro espaço artístico importante em Florença é a Academia onde está o David, de Michelangelo.
Florença é bela, artística, singela. Uma parte da Toscana que vale a pena conhecer e, sem dúvida, voltar. Mas é hora de seguir para Roma.
Desta vez, pegamos um trem da Frecciarossa, Trenitalia. O trem também de alta velocidade, com trechos a 246 km por hora. Em cerca de 1h40 já estávamos em Roma Termini, o terminal central de Roma.
O preço do bilhete foi de 20 Euros. Mas o Frecciarossa foi uma decepção com a internet. O trem pede um login para acessar a rede. Até aí tudo bem, mas querem um telefone italiano para fazer o login. Ou seja, fomos sem internet. (Tião Braskaville)
Próxima estadia: Roma
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